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Sou Mais Eu...

Sou Mais Eu...

07.05.15

Vou desenvolver...

soumaiseu

Vou contar-vos mais acerca de uma das minha verdades na Tag:That's True?. Isto porque considero importante que ensinemos os nossos filhos a não ter medo de fazer frente a quem quer que seja, seja em que situação for. É importante que os ensinemos a dizer não, a tomar uma atitude por muito difícil e complicado que seja... Então o que aconteceu foi o seguinte, tinha eu 17 anos (lembro-me da idade porque foi quando conheci o meu marido), quando comecei a ser perseguida no autocarro por um homem bastante mais velho do que eu, talvez já na casa dos 30 ou  mais, todo bem arranjado, todo bem cheiroso. Começou por sorrir para mim, depois passou a sentar-se ao meu lado sempre que podia, roçava a perna dele à minha mais do que deveria, apertava-me contra a janela do autocarro (eu tinha o hábito de me sentar nos bancos junto aos vidros), em dias de aperto roçava-se, mais tarde começou a acariciar-me o rosto, chamava-me querida e outras coisas do género... Eu nada fiz para que esta situação surgisse nem a encorajei de forma alguma. Tentei evita-lo como pude. Passei a apanhar o autocarro mais tarde, mas ele apanhava sempre o autocarro uma paragem à frente da minha e só entrava depois de se certificar que eu vinha lá dentro. Passei a sentar-me no lado de fora dos bancos do autocarro e quando ele me pedia para o deixar passar para se sentar ao meu lado junto ao vidro eu levantava-me e mudava de lugar, mas ele mudava também. Experimentei sentar-se sempre ao pé de pessoas, ele tocava-me na mesma. Passei a vir em pé, e ele achou que isso era como que uma autorização para passar por mim e fazer-me ainda mais festas na cara, sentava-me nos bancos individuais e virava a cara para o vidro, mesmo assim lá vinha a carícia indesejada.. o toque dele enojava-me, arrepiava-me, dava-me vómitos, assustava-me... já não sabia o que fazer. Um dia em desespero de causa contei aos meus pais. A minha mãe ficou muito preocupada, o meu pai, esse ficou completamente transtornado. Disse-me apenas "Amanhã vou ter contigo à escola. Tu não me vais falar, e vais-me fazer sinal de quem é o tipo... eu trato dele!". Percebi pelas suas palavras que o tratar dele era algo muito grave, o meu pai é um homem de pelo nas ventas, foi então que decidi que tinha de fazer alguma coisa. Pedi ao meu pai que me desse um dia que eu ia resolver o assunto. Não foi fácil convence-lo. No dia seguinte apanhei o autocarro bastante mais tarde (avisei em casa) sabendo que ele estaria à minha espera. Sentei-me num dos tais bancos individuais. O tal toque veio como sempre acompanhado do mesmo sorriso ofensivo. Nesse dia, nem de propósito, o autocarro vinha bastante vazio... Tinha tudo em mente. Levantei-me do meu lugar um pouco mais cedo e fui falar com o motorista do autocarro "Saio no Relógio, já a seguir, por favor não arranque com o autocarro sem que eu saia..." Sem mais explicações virei costas e fui ter com o abusador que estava sentado mesmo ao fundo do autocarro e que me recebeu todo sorridente. Enchi-me de coragem e disse-lhe calmamente mas alto e bom som para que todos os presentes ouvissem bem as minhas palavras "Se voltas a pôr as tuas patas sujas e imundas em cima de mim, eu arranco-te os tomates, ouviste? Ouviste bem? ARRANCO-TE OS TOMATES, PORCO!!!" O sorriso dele mudou de cor: ficou amarelo. Virei costas em direcção à porta de saída e só nessa altura percebi que o motorista estava à minha espera. Agradeci-lhe e sai. A boca seca, o coração a galope, as mãos frias e suadas... Sabia que tinha jogado alto, que poderia resultar ou não... Mas digo-vos que nunca mais o vi! Ele desapareceu como que por artes mágicas, da mesma forma que chegou assim se foi. A partir daí perdi o medo em dizer não. Ensino-o à minha filha e a todas as crianças que conheço, sejam meninos ou meninas. Hoje em dia estamos mais conscientes dos predadores sexuais, mesmo assim, há que instruir as nossas crianças, fazê-lo sem medos nem rodeios, garantir-lhes que dizer não é a atitude correcta. Educar, proteger e não duvidar: é esse o meu lema. A minha história ficou por ali, poderia não ter ficado, tanta coisa poderia ter corrido mal. Mas eu, desculpem-me a falta de modéstia, tive a coragem que muitas miúdas e até mulheres não tem, dizer não, tão simples quanto isto. Tomei uma atitude, não deixei andar... É preciso ter coragem! Tenham-a! Sem medos... 

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