Numa conversa com a Educadora fui, de uma forma muito soft e discreta, acusada de não corrigir em casa a minha filha no que toca à fala, e de uma maneira ainda mais suave chegou mesmo a dar-me a entender que cá em casa mimamos demais a miúda... Confesso que estive mesmo para lhe responder à letra.. Abençoado pai de outro menino que chegou na altura certa e me fez travar a língua. Óra bem, sim, é verdade que a miúda é mimada. É normal quando se é a primeira e se foi a única menina da família, agora já há mais duas mas a Rita é a mais velha e por isso é tratada de um modo especial. Se consideram ser mimado ter tudo o que se quer, então a minha filha não sofre desse mal. Leva com "Não" muitas vezes, até mais do que aquelas que eu gostaria, não lhe compro tudo o que me pede nem lhe faço todas as vontades (por uma questão de principio e também por uma questão de orçamento),  e não há birra que me vergue. Agora se se referem a mimo afectivo então aí, sim, sou culpada! Faço questão de mostrar à minha filha o quanto gosto dela, o quanto ela é importante para nós, chamo-lhe o "Meu doce" porque ela é realmente um doce de menina, porque acho importante que ela se sinta amada por todos nós. Por isso não me venham dizer que não faço o meu papel de mãe responsavelmente, que não a corrijo, que não a instigo a melhorar e a seguir em frente, que não a deixo crescer. Não sou de certeza uma mãe perfeita, mas sou garantidamente a melhor mãe que consigo ser, consciente dos meus erros e acima de tudo dos meus deveres. Porque criar um filho é muito mais do que pô-lo no mundo. É preciso formar, educar, mimar! Carinho e Amor nunca são demais!

(Corrijam-me se eu estiver errada....)

A Educadora tem-me dito que a Rita é muito bem comportada, que faz tudo o que lhe mandam, que não levanta nem dá problemas nenhuns... mas também foi dizendo que "... as meninas são mais espontâneas que os meninos...", que a Rita só intervêm se lhe pedirem directamente para o fazer, que é incapaz de tomar a iniciativa de responder a uma qualquer pergunta, "... se lhe perguntar ela responde, mas se não o fizer ela sabe mas fica caladinha... acho que a Ana Rita ainda não deu aquele click..." Bem, primeiro tentei perceber do que é que ela estava a falar. Para mim a minha filha sempre foi muito extrovertida, quer em casa, quer na rua, no Rancho... ainda hoje gosta de andar a distribuir olás gratuitos a toda a gente na rua e às vezes faz beicinho se alguém não lhe responde. Então que se passa? Não faço a mínima! A Rita em casa continua a ser uma gralha, se bem que ainda não adquiriu o hábito de nos contar de livre iniciativa o que faz na Escolinha, temos de ser nós a questionar e a tirar a saca-rolhas. Ela gosta da escola, fica aborrecida quando por qualquer motivo não pode ir, não me parece que seja esse o problema... E retém toda a informação que lhe é dada, tipo esponja. Todos os dias me canta uma nova canção, uma nova história, uma nova brincadeira... Eu também sempre gostei de ir à escola... desde que me deixassem em paz! Também eu não gostava de responder só porque sim, se me perguntassem directamente lá teria de ser (Que remédio, pois então!)... sentava-me sempre atrás, não porque gostasse de me portar mal (sempre tive um bom comportamento), mas porque detestava ter os professores muito perto de mim (para mim eles eram perfeitos estranhos em quem eu não confiava, ainda hoje me lembro dos poucos que conseguiram quebrar o gelo, os nomes já se foram mas os rostos permanecem)... ir ao quadro era um tormento, mesmo que soubesse detrás para a frente o exercício... Mas eu era tímida, eu era um bicho do mato (abençoada adolescência que pouco a pouco conseguiu mudar isso tudo)... A Rita não o é, ou pelo menos não o é nos mesmos moldes que eu era, acho eu! Poderão os filhos herdar estas características apenas parcialmente e em determinado ambiente ? E como é que nós lidamos com isso? 

Tem sido assim esta primeira semana na pré.... A minha Catita acorda bem, vai para a Escolinha com um sorriso considerável, fica animada quando entra na sala e contente por ir brincar com os outros meninos e meninas, especialmente a Bianca, a sua mais recente amiguinha... mas depois chora à hora do almoço chora porque tem saudades da Mamã... porque está triste... porque tem saudades do cão Doggy... Em casa dia sim dia não chora também e diz que não gosta da "papa" (agora definitivamente promovida a comida), que a da Mamã é melhor... que "elhes não mi dão feijoada...", que a fazem comer com garfo e faca e que não lhe dá jeito nenhum... que nunca  a deixam comer sentada ao lado da Bianca (pelo que percebi os lugares são fixos e estabelecidos por ordem alfabética)... que não quer ir mais à Escolinha porque há lá um menino "qui deichou mitade dos dentesh em casa..."  E eu lá vou fazendo o que me compete, lá lhe vou dizendo que tem de ir à Escolinha porque todos os meninos crescem e por isso têm de ir à escola para aprenderem a fazer as coisas que os adultos fazem, que tem de começar por brincar muito e aprender coisas simples... que aprender é divertido, que comer com talheres é importante, que a escola serve também para aprendermos regras e por isso há coisas que não podemos fazer ou que não podemos fazer sempre que nos apetece... e que... e que... e que.... Prometo a feijoada ao fim de semana, bem como as batatas fritas caseiras que ela tanto gosta... Mas custa! Avançamos lentamente... como o caracol... Um pouco para a frente... Um pouco para trás!