Quezílias na escola...
Lembram-se deste meu post? Bom, a coisa não ficou por aqui. No último dia de aulas antes das férias de Natal a minha petiz pediu-me para lhe trocar de mochila: normalmente leva um troley, mas como nesse dia só precisavam de estojos e pouco mais queria levar outra mochila e queria leva-la às costas. Fui eu quem fez a troca dos pertences de uma mochila para a outra e acabei por encontrar um papel dobrado que pensei ser um dos muitos desenhos que a Rita faz nos intervalos e que atira lá para dentro. Pego no papel sem o abrir e digo-lhe que veja o que é e se o podemos deitar para o lixo. Ao abrir o papel a Rita descobre um desenho de Natal feito a lápis, com uma bomba desenhada e rasurado no local onde devia dizer Bom Natal e Boas Festas, dizia antes Mau Natal e Más Festas. Ora isto às 8 da manhã tem um peso brutal. A miúda desatou a chorar enquanto dizia "Foi a Carolina! Foi a Carolina!". Perguntei-lhe se tinha a certeza, respondeu-me que sim, que reconhecia a letra e os bonecos que só a Carolina faz de uma determinada maneira, e ela sabe porque são colegas de carteira. Dei instruções à Rita para que não fizesse qualquer comentário e nesse mesmo dia, aproveitando uma atividade na escola aberta aos pais, falei com a mãe da outra miúda. Mostrei-lhe o desenho, no qual ela disse logo prontamente não reconhecer o traço da filha, e a partir daí desenvolveu-se uma conversa de cortar à faca. Eu sei que a minha filha não é uma santa, tem um feitio do caraças e é cheia de personalidade. Também sei que a Carolina não é a única culpada nesta história porque havendo oportunidade a minha Rita consegue ser tão trafulha quanto a outra. Mas o que é certo é que as duas miúdas tem um problema de antipatia e não se podem ver mutuamente. E perante este cenário acho que nós mães (e pais também) temos de intervir, educando, formando. Ora quando falei com a mãe da outra criança a reação dela foi olhar-me com um sorriso falso na cara e perguntar-me: "Oiça, o que é que quer que eu faça?". Primeiro, detesto que alguém se dirija a mim com "oiça"'s. Segundo, então eu digo-lhe que as nossas filhas tem problemas e ela responde-me com um "o que é que quer que eu faça"?!
- Quero que lapide. Quero que vá para casa e fale com ela, eu já falei com a Rita e vou voltar a falar e quero que a P. faça o mesmo.
- Oiça mas eu falo com a Carolina...
- Pois, não sei. Não estou na sua casa, mas peço-lhe nesse caso que o faça novamente.
- Olhe, porque não combinamos uma ida ao jardim, nós conversamos e elas convivem e talvez se entendam...
- A P. só pode estar a brincar comigo. As miúdas não se toleram, não se podem ver, hoje quase que andaram à pancada na escola e a P. quer promover um encontro entre as duas! Só se for para se matarem de vez! O que eu quero é que converse com ela. Ambas tem culpa. Sei perfeitamente que a minha filha não é flor que se cheire, aliás é enxertada em corno de cabra....
- Oiça, a sua pode ser, mas a minha filha não o é...
- Provavelmente não conhece bem a sua filha, mas esse é um problema seu, não meu...
E assim continuou a conversa, intragável e sem solução aparente. As aulas começaram hoje e depois de tanto eu como a outra mãe termos individualmente falado com a professora, as miúdas foram finalmente separadas. Talvez agora tenhamos paz e sossego.
Ainda assim não deixo de me indignar com este tipo de educação que muitos pais dão aos seus filhos. Há que formar, há que ensinar regras de boa vivência e convivência. Que raio de pais são estes? Que raio de filhos estão eles a criar? Que raio de adultos sairá destas amostras de gente? Irrita-me! Irrita-me muito! Mas ainda me preocupa mais porque estarão inseridos numa sociedade onde a minha filha terá forçosamente de coexistir....