O Explorador partiu...
Dia 19 deste mês. Faz hoje precisamente 2 semanas depois de um internamento de praticamente 3 meses. Sucumbiu às mãos de variadas situações que o foram consumindo, às muitas infecções sem resposta favorável aos antibióticos, às febres altíssimas e constantes, às múltiplas escaras que lhe foram lavrando todo o corpo. Chegamos de férias um dia antes: "Já vens a caminho? O teu pai está muito mal..." Ainda o vimos, ainda viu o filho. Acho mesmo que estava à espera dele. Perder o meu sogro foi para mim um choque sentimental que me apanhou de surpresa e me quebrou. Quando tomamos conta de um familiar demente tornamos-nos nós também um pouco "dementes", o desgaste físico e essencialmente emocional tolda-nos o discernimento e eu acreditei piamente que não iria sofrer muito quando chegasse a hora dele. Não podia estar mais enganada. Custou-me mais do que alguma vez supus. Ainda me custa. Sinto-lhe a falta, noto-lhe a ausência, e ainda sobressalto de noite para ouvir os ruídos que vêm do quarto dele tentando perceber se tinha mais uma vez caído da cama abaixo, e quase acordo o filho para o irmos levantar... Tanto reclamei, tanto me arreliei, para agora me sentir tão estupidamente "sozinha e desacompanhada". É duro. Por mais que a situação se complique nunca estamos verdadeiramente preparados para um desfecho destes. Custa sempre mais do que conseguimos imaginar. O meu sogro partiu. Está finalmente em descanso e em paz. Eu perdi 5 anos da minha vida...