Fofoquices da vida da vizinha...
Ao meu lado mora um casal muito simpático, ele com pinta de indiano, têm dois filhos pequenitos com um ar exótico que são lindos, um com dois anitos e o outro bebé de colo. E tinham um cão. Já não tem. O cão era grande, um Pastor Alemão, que passava os dias fechado no quintal, ia à rua de manhã num passeio relâmpago de 10 minutos e à noite quando o dono chegava. O cão entretinha-se a ladrar a tudo. Ladrava aos gatos que via na janela do vizinho do prédio do lado, ladrava às vizinhas que vinham estender roupa, ladrava-me a mim se me sentia no quintal a fazer as minhas coisas. E roía tudo o que apanhava pela frente. E roupa. Toda a roupa que apanhava pendurada no quintal dos donos era habilmente personalizada. Era um cão meigo. Quando me cruzava com ele no patamar fazia-me queixinhas e recebia o meu carinho com muita alegria. Era um cão visivelmente carente. A dona ia-se lamentando que ele precisava de muito exercício, que com duas crianças pequenas não conseguia dar-lhe a atenção que devia, que ele só queria estar dentro de casa e não podia ser porque lhe deixava pêlos por todo o lado... Contratou-se alguém que levava o cão à rua mais frequentemente. Mas antes disso ainda esteve uma temporada numa escola para cães onde supostamente teria aprendido algumas noções de obediência, esteve lá uns bons meses e quando regressou quanto a mim estava na mesma. Por sugestão minha compraram-lhe uma coleira que dá choques quando o animal ladra e de vez em quando lá vinha a vizinha perguntar-se se o F. ladrava muito durante o dia. Fui franca, sendo eu amante de cães o ladrar deles não me incomoda e o mais certo é que nem nem dê por ele... E um dia destes o cão desapareceu. Soube pela mãe da vizinha que foi levado para uma quinta que eles têm, estava acompanhado por uma cadela mais nova da mesma raça e já não voltaria mais aqui ao prédio. Fiquei com pena. Gosto muito dos meus vizinhos mas não posso deixar de pensar que as pessoas muitas das vezes tratam os cães de uma forma pouco digna. Não consigo perceber que se queira um cão para o ter sempre no quintal, que não se deixe entrar em casa por causa dos pêlos, que se alegue não ter tempo para ele porque se tem duas crianças, que se fique incomodado com o seu ladrar, com o seu odor... Há gente que simplesmente não sabe tratar um animal com o respeito que ele merece. E isso entristece-me! Muito. Porque eu tive o meu cão 14 anos e sempre o tratei com um membro da família. Não percebo como se pode tratar um cão de outra forma.