Pensamentos...
(Imagem retirada daqui)
Sou mãe. Primeiramente, acima de tudo, principalmente e antes demais, sou mãe. Quando penso no Covid e na quantidade de vidas que se perdem, nas vivências que ficam interrompidas, mães que perdem os filhos, filhos que perdem os pais, palavras que ficam por dizer, abraços e beijos por dar... Tenho ânsia de acelerar a lista de coisas que ainda quero fazer, dividir-me em milhentas formas eficientes porque na verdade não estou preparada para partir. Estará alguém? Provavelmente não. O Covid surge na nossa mente como uma força premente que se insinua nos nossos pensamentos e traz consigo o medo, o receio. Não. Não devíamos partir assim, aos magotes, como um bando de pássaros assustados. Ser forçado a abandonar a Pátria e ser enviado para o estrangeiro. Morrer sozinho. Longe. Entre estranhos que muito provavelmente nem a nossa língua falam. E mesmo que se morra cá, esperar oito dias para ser enterrado. Ser cremado quer se queira ou não. Sem família. Sem amigos. Sem ninguém. Não se morre dignamente com Covid. Perdemos mais do que a saúde, perdemos a dignidade. Apenas nos resta o maldito Covid.