As gafes dos adultos e a inocência das crianças....
Ontem fui com a Rita aos Baloiços. Fomos a uns que ficam logo aqui.... Mal tinhamos acabado de chegar vejo a Rita com um ar muito civilizado em cima dos baloiços à espera que duas crianças travessas a deixassem passar para ela poder andar no escorrega. As crianças não se desviaram. A Rita veio ter comigo e disse-me entre lágrimas muito desgostosa:
- Mamã! Aquele menino chamou-me Ranhosa... disse assim "Saí daqui ò Ranhosa!"....
- E tu não lhe disseste que Ranhoso era ele? Devias ter-lhe dito "Ranhoso és tu, seu mal educado!"...
Ao meu lado levanta-se uma Mãe, vejo-a ir ao pé do puto dar-lhe um raspanete... Eu e as minhas Gafes! Assim se ensinam crianças a defenderem-se e adultos a educarem convenientemente!
Como o clima destes baloiços não estava muito ameno, a Rita quis ir para outros que são frequentados por ucranianos, russos, checos, qualquer coisa do género.... Formam grupos fechados entre eles, as crianças brincam com as portuguesas, mas os pais mantém-se na deles... A Rita já tinha feito amizades. Quis comer. Levei um pacote com 3 bolachas recheadas com chocolate. Disse-lhe "Come uma e depois vens buscar outra porque a Mamã não tem aqui bolachas suficientes para dar a estes meninos todos.." Pegou numa bolacha e foi andar de baloiço. Vejo-a conversar com uma das meninas, a Nicole, e vejo-a sair dos baloiços e vir na minha direcção:
- Posso comer uma bolacha daquelas?
A mãe da miúda estava no banco ao lado, dei-lhe uma bolacha... Ainda a Nicole estava a aceitar a bolacha, já tinha outra miúda ao meu lado a dizer-me "Também quero uma!"... Quando tirei a última bolacha do pacote já tinha mais dois a olharem para mim, mas as bolachas já tinham acabado! Pareciam cães a um osso! Incrível! Acho que nunca tinham visto uma bolacha com recheio na vida deles.... Não ouvi um "Obrigado" da boca das crianças nem da boca das mães... como se fosse minha obrigação dar! Perguntei à Rita o que tinha dito à Nicole nos baloiços.
- Ela perguntou-me se podia comer uma bolacha das minhas, e eu disse-lhe que sim, que podia comer destas e também de água e sal, que a minha mãe tinha mais...."
Sem palavras!