E agora que esta época mimada do Dia da Mãe passou, já vos posso contar que no próprio dia da mãe fui com a minha própria mãe para o Hospital. Tem um quisto sebáceo nas mamas (que sempre me lembro de ela ter) mas que agora resolveu infectar.... Doi-lhe, está duro e deita cheiro. Diz a medica que não há-de ser nada de grave, está a antibiótico e a mais uns quantos medicamentos, e em princípio há-de passar... Deus queira que sim porque eu, francamente, já hoje é quinta-feira, e não vejo grandes melhoras... Mas adiante, estava eu com ela no Hospital de S. José, sentadas no corredor em frente à Pequena Cirurgia, quando passa à nossa frente uma maca com alguém deitado, três batas brancas seguiam-no, uma delas levava nas mãos um daqueles aparelhos de choques para o coração. A colcha do hospital cobria o corpo até à cabeça e ia cuidadosamente entalada debaixo do colchão... um braço mal tapado espreitava do meu lado... um braço de homem, moreno, pele jovem... adesivos no pulso e na curva do braço... Aquele homem ia já sem vida... tive uma sensação estranha, uma tristeza imensa, uma sensação de perda, não vos sei explicar. Ele passou e ninguém reparou nele. A vida é tão importante e no entanto são poucos os que se lembram disso. No corredor uma mulher falava ao telefone e assim continuou, a fazer chamada após chamada, contando a sua vida a toda a gente... os bombeiros do outro lado do corredor continuaram a gracejar com o doente que acompanhavam, outros mexiam no telemóvel... Não pude deixar de pensar na vida daquele homem que se acabou, nos sonhos que eventualmente ficaram por realizar, no caminho que o levou à morte... Uns morrem, outros sobrevivem... mas quantos de nós vivemos a vida intensamente?

Na sexta-feira da semana passada a Rita acordou com a medalha da Tinha que tem na cabeça cheia de pus. Já tinha vindo desde que começou a tomar a Terbinafina, o anti-fúngico, a ganhar algumas bolhas de pus... mas na sexta aquilo estava feio... mal sabia eu que havia de ficar bem pior. Levei-a às urgências do Hospital de Santa Maria. Nos Hospitais dá muito jeito ter uma doença contagiosa: passam-nos logo à frente! A miúda foi vista por uma Dermatologista que me disse que a Rita tinha contraído Tinha da pior estirpe e que a mesma tinha infectado... receitou antibiótico Floxapen durante 2 semanas, de 8/8 h e pomada Fucidine. Começamos o tratamento ainda na sexta. Sábado e domingo a medalha piorou... inchou, ficou vermelha arroxeada, ficou granulosa, começaram a sair raízes de cabelo, escorria pus, e quando digo que escorria, quero mesmo dizer isso mesmo: escorria pus pelos cabelos abaixo. Esperei as 48 h que supostamente o antibiótico demora a fazer efeito. Ontem foi dia de hospitais. Segui os vossos conselhos e fui ao Curry Cabral à consulta do Ortopedista Burgesso. E depois disso agarrei na minha Rita e levei-a novamente a Santa Maria. Nova consulta, nova dermatologista. Explicou-me que aquela reacção era normal. Formou-se um "Kerion Celsi" na medalha da Rita, uma complicação da Tinha, explicou-me que se trata de Tinha do Couro Cabeludo Infecciosa Húmida, difícil de tratar e muitas das vezes resistente aos tratamentos. Contudo, aquele escorrer de pus é normal. O Fungo aloja-se nas camadas profundas da pele e é lá que faz estragos, toda a infecção tem de sair, e sai pela camada superficial da pele, tem de escorrer pus. Explicou-me o processo de cicatrização, e o facto de haver possibilidades da miúda ficar com uma pelada de cabelo naquela zona, total ou parcial, que poderá com o crescimento "normalizar" ou não... eu já sabia! Hoje em dia a Net é o nosso melhor amigo mas também o nosso maior inimigo... No domingo não aguentei a pressão e tive um ataque de choro. O cabelo mexe muito com a auto estima de uma mulher, e o facto de eu saber como mãe, que podem ficar marcas visíveis parte-me o coração. Como resultado provoquei uma ataque de choro à minha petiz que se apercebeu do motivo que me fazia chorar... Jurei a mim mesma que nunca mais me permitiria tal fraqueza! Por isso, ontem, quando a médica nos falou da possível careca que poderá ficar ali, e quando vi os olhos aflitos da minha filha, sorri-lhe e disse-lhe que não fazia mal, que depois fazíamos o risco do cabelo do outro lado para tapar... a médica foi impecável e ajudou a desdramatizar a coisa! Saímos de lá com indicação para ir à medica de família pedir uma consulta de Dermatologia Pediátrica com urgência no Hospital de Loures. Segundo ela é importante fazer análises de forma a determinar qual o fungo presente e qual o melhor tratamento e isso não se faz nas urgências. Enquanto houver Humidade a Rita deve andar com um lenço na cabeça e uma compressa para absorver o pus, uma vez que não há garantias que o periodo de contagio tenha terminado... 

Quanto a mim, fui então à minha consulta de Ortopedia com vontade de partir o mundo inteiro. Fui contrariada, aborrecida coma  vida, convencida que mais valia estar já no Hospital de Santa Maria a tratar da minha Catita, com as palavras do Nuno presentes, e os conselhos da Vita C e do pessoal cá de casa na memória. Jurei a mim mesma que se o Doutorzeco se atrasasse um minuto que fosse, esse seria o meu mote para lhe dizer umas tantas verdades... mas só se ele se atrasasse. A consulta estava marcada para as 9.40h. Às 9.40h fui chamada "M. da Conceição S." #$"@3§£@*ª_:^»#$%... Fiquei fula! Não refilei! Comportei-me civicamente... Sai-me na rifa um médico novo, com ar de puto, de barba por fazer, olhos de cachorro, com um sotaque espanholado ou argentino... viu-me o pé e disse-me que o facto de não me doer não significa nada, explicou-me que fiz uma Entorse de II Grau, rasguei parcialmente dois tendões muito importantes no tornozelo, um do lado de dentro e outro do lado de fora, e mais uns quantos pequenos/grandes sarilhos. Diz que precisa de uma Ressonância Magnética (tempo de espera: 6/7 meses) para avaliar os estragos e a cicatrização, e Fisioterapia até lá (no Hospital, claro! Lá vou eu de castigo, de Moscavide ao Curry Cabral não sei quantas vezes por semana...). Digam lá que não dá vontade de rir?