Estou de volta!
Já voltei!
Estive uma semana no Norte, saltitanto constantemente entre Alhões e Valverde, mesmo ali ao lado de Cinfães do Douro. Serviu para repôr energias, respirar ar puro e molhar os pés nas águas geladas de um dos rios mais puros de Portugal, o Bestança! Gosto daquela zona! Gosto da vista deslumbrante que se tem sobre o Douro. Em Alhões ainda se pratica o "pastoreio comunitário" (não sei se é esta a desiganção correcta), em que se juntam todas as cabeças de gado miúdo da aldeia (cabras e ovelhas) e 2/3 pessoas da povoação levam-as para o monte, e no dia seguinte vão outras pessoas... É giro ver todos aqueles animais a balir pelas ruas estreitas acompanhados dos necessários cães do gado, animais corpulentos, robustos e sedentos de carinho... Por muito que goste do Norte, perdoem-me os que forem excepção à regra, mas normalmente nesta zona não se cultiva o mimo aos animais, uma simples festa é algo de impensável... mas enfim!
Eu prefiro Valverde, apesar da falta de saneamento, da falta de água canalizada, dos rudimentares acessos ás casas de quem vive mais isolado. Ali é o campo, ou pelo menos, Valverde corresponde à minha noção de campo, rude, em estado bruto e selvagem. Bem ao meu estilo. Tal como eu gosto! Natureza pura e crua! Não me aborreçe o pó nos pés, as unhas sujas logo no primeiro dia, por mais que nos lavemos a pele acaba por ficar sempre encardida! Não me aborreçe o lavar a loiça como a minha avó fazia, em alguidares. Não me aborreçe o usar uma fossa como sanitário... Se todos os caminhos estão cheios de água potável, se hà fruta para onde quer que se olhe, e vegetação! Muita vegetação verde, viçosa, fresca! O ar cheira ao doce das árvores de fruto, a terra cavada e a clorofila! Tão bom!
Quanto à Rita adorou os mé-més de Alhões! Acordava para os ver sair para o monte e depois voltava a dormir! Acordava muitas vezes a rir com o canto dos "cacácos" (galos, galinhas...) Gostava de ir às "pilas" (não se riam, que em Alhões as pilas são as galinhas!) buscar o ovo dos "cacácos". Não teve medo das vacas, nem das aranhas que dormiam connosco no quarto... afinal de contas eram amigas da "Maia", a abelha! Em Valverde brincou com a terra, chapinhou o quanto quis, molhou-se várias vezes... comeu cerejas e uma batata crua que tinha acabado de ser apanhada, cheia de terra e tudo! Deve ter gostado do sabor, porque a mastigou e só a vomitou quando a tentou engolir! Rita tonta! Brincou o quanto quis! E Aprendeu uma série de palavras novas:
Bôtádi! (Boa Tarde)
Ica (Ricardo)
Alhé (André)
Táia (Sara)
Pum-pum (foguetes)
Aiõs (Alhões
batata
Manã (Amanhã)
Meina (Meias)
São apenas algumas das que me recordo agora!
Regressou coradinha!
Suja! Imunda!
Com as unhas dos pés encardidas e muitas nódoas na roupa!
Mas muito, muito feliz!