Hoje vou falar de Deus!
Não sob a forma de sermão secante até desesperar, mas vou falar de Deus na primeira pessoa.
?????? Como?
Cá vai: fui educada na religião católica, fiz a Catequese e todas as cerimónias que a mesma implica. Mas comecei desde muito cedo a questionar todos os dogmas que me foram ensinados.... mais uma vez a minha avó foi responsável por esta situação porque cresci a ouvi-la contar uma história veridica que se passou com ela num tempo em que a fome era a sua melhor companheira. Era ela miúda, o Senhor Padre chamou-lhe a atenção para o facto de ter roubado um bocado de pão para comer, porque roubar era pecado. Contudo, a mesma atitude foi levada a cabo pela filha do mais rico da aldeia, mas com a desculpa que o pão se destinava aos pobres.... e assim o pecado desaparecia... Cresci a questionar-me que Deus era este que nos obrigava a ir à Igreja, e que tinha duas medidas para cada situação.... Que Deus era este que dava o perdão aquelas velhas beatas que passavam os seus últimos dias enfiadas na Igreja como se fossem ratos de Sacristia, mas que no Adro da aldeia destruiam a vida dos outros com tamanha perícia. Que gente era aquela que não era capaz de estender uma côdea de pão a um pobre animal faminto.... Tudo isto me fazia muita confusão! Aquele não era um Deus que me agradasse, não era o Deus que eu queria para mim! Cresci a ir escassamente à Igreja, tal como a minha avó só lá ia nos dias de festa. E fui desenvolvendo a minha própria espiritualidade. Acredito em Deus mas nos meus moldes. Acredito num Deus mais justo. O meu Deus é misiricordioso infinitamente. Para mim ir á Igreja nunca deve ser uma obrigação e por isso só lá vou quando sinto necessidade de o fazer. Gosto de lá ir quando não está lá ninguém... Deus tem vindo a puxar-me cada vez mais para junto dele.... desde que nasceu a Rita sinto-me profundamente agradecida pela dádiva que me deu. Pela menina linda e inteligente que é! Por tudo o que passei durante a gravidez, hoje sei que Deus esteve sempre ao meu lado, dando-me a força necessária para erguer a minha cabeça as vezes que foram necessárias. Hoje agradeço a Deus a vida que tenho. A minha familia. Os meus amigos, a minha Rita.
E hoje tenho a certeza: posso não ir à missa todos os domingos,
mas o meu Deus está sempre comigo.