E a crise do sogro...
(Imagem retirada daqui)
... acabou numa noite passada no hospital. Fez febres altas que não baixavam com paracetamol. Dois dias nisto. Não queríamos recorrer ao Hospital por causa da pandemia. Questionamos o centro de saúde sobre a possibilidade de uma consulta ao domicilio, "Com Covid não há, quem faz essas consultas é a dra Xpto mas têm de ser marcadas com antecedência e demoram..." A sério? E quem está acamado morre em casa sem assistência médica? Que seja então o Hospital. Ligamos para a Saúde 24, vêm os Bombeiros, febre é sintoma de Covid logo vai para a ala dos doentes com Covid para ser testado. Ninguém pode ir com ele. Vai sozinho. Uma pessoa demente, mentalmente alterada e instável. Ao vê-lo sair porta fora o sentimento de impotência é brutal. A revolta contra esta pandemia diabólica imensa. "Uma pessoa pensa que está a fazer bem e ainda faz pior", foi o desabafo do filho. Lá foi. Comunicam connosco por SMS, "... está a ser visto pelo médico", o resultado do teste do Covid é negativo. De manhã telefonam-nos. O médico diz que o diagnóstico é uma infecção urinária grave. Tem alta, vem para casa medicado. Chega prostrado, visivelmente sedado. Passa o dia a dormir. Quando acorda percebemos que passado o efeito da sedação continua alterado, mal se sustém em pé... É um sarilho movimenta-lo, mexe-lo, leva-lo para onde quer que seja, dar refeições, mudar fraldas, limpar, vestir... O sogro é um homem alto e encorpado, mede mais de 1.80m, apesar de cada vez mais magro continua a ser muito pesado, e os laivos de Parkinson dão-lhe uma rigidez corporal difícil de contornar. O nosso esforço é tremendo. Fazemo-lo por amor. Mas cada dia que passa é mais complicado... Só quem passa por estas situações consegue compreender a turbulência de sentimentos com que vivemos dia após dia...