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Sou Mais Eu...

Sou Mais Eu...

13.03.21

E a crise do sogro...

soumaiseu

demencias-com-corpos-de-lewy.jpg(Imagem retirada daqui)

... acabou numa noite passada no hospital. Fez febres altas que não baixavam com paracetamol. Dois  dias nisto. Não queríamos recorrer ao Hospital por causa da pandemia. Questionamos o centro de saúde sobre a possibilidade de uma consulta ao domicilio, "Com Covid não há, quem faz essas consultas é a dra Xpto mas têm de ser marcadas com antecedência e demoram..." A sério? E quem está acamado morre em casa sem assistência médica? Que seja então o Hospital. Ligamos para a Saúde 24, vêm os Bombeiros, febre é sintoma de Covid logo vai para a ala dos doentes com Covid para ser testado. Ninguém pode ir com ele. Vai sozinho. Uma pessoa demente, mentalmente alterada e instável. Ao vê-lo sair porta fora o sentimento de impotência é brutal. A revolta contra esta pandemia diabólica imensa. "Uma pessoa pensa que está a fazer bem e ainda faz pior", foi o desabafo do filho. Lá foi. Comunicam connosco por SMS, "... está a ser visto pelo médico", o resultado do teste do Covid é negativo. De manhã telefonam-nos. O médico diz que o diagnóstico é uma infecção urinária grave. Tem alta, vem para casa medicado. Chega prostrado, visivelmente sedado. Passa o dia a dormir. Quando acorda percebemos que passado o efeito da sedação continua alterado, mal se sustém em pé... É um sarilho movimenta-lo, mexe-lo, leva-lo para onde quer que seja, dar refeições, mudar fraldas, limpar, vestir... O sogro é um homem alto e encorpado, mede mais de 1.80m, apesar de cada vez mais magro continua a ser muito pesado, e os laivos de Parkinson dão-lhe uma rigidez corporal difícil de contornar. O nosso esforço é tremendo. Fazemo-lo por amor. Mas cada dia que passa é mais complicado... Só quem passa por estas situações consegue compreender a turbulência de sentimentos com que vivemos dia após dia...

01.02.21

Pensamentos...

soumaiseu

salmos-139-1-2.jpg

(Imagem retirada daqui)

Sou mãe. Primeiramente, acima de tudo, principalmente e antes demais, sou mãe. Quando penso no Covid e na quantidade de vidas que se perdem, nas  vivências que ficam interrompidas, mães que perdem os filhos, filhos que perdem os pais, palavras que ficam por dizer, abraços e beijos por dar... Tenho ânsia de acelerar a lista de coisas que ainda quero fazer, dividir-me em milhentas formas eficientes porque na verdade não estou preparada para partir. Estará alguém? Provavelmente não. O Covid surge na nossa mente como uma força premente que se insinua nos nossos pensamentos e traz consigo o medo, o receio. Não. Não devíamos partir assim, aos magotes, como um bando de pássaros assustados. Ser forçado a abandonar a Pátria e ser enviado para o estrangeiro. Morrer sozinho. Longe. Entre estranhos que muito provavelmente nem a nossa língua falam. E mesmo que se morra cá, esperar oito dias para ser enterrado. Ser cremado quer se queira ou não. Sem família. Sem amigos. Sem ninguém. Não se morre dignamente com Covid. Perdemos mais do que a saúde, perdemos a dignidade. Apenas nos resta o maldito Covid. 

29.01.21

Chegou aos meus...

soumaiseu

marisaczl-1557362052772-cathopic.jpg(Imagem retirada daqui)

Ontem alguém dizia na televisão que enquanto os mortos não ganhassem um nome, enquanto não fossem os nossos conhecidos e familiares a sofrer os efeitos da pandemia, iríamos continuar na negação do vírus. E ontem os números dos doentes internados ganharam mais um nome:  T, a minha prima, madrinha da minha filha, está internada no Hospital de Castelo Branco. A dificuldade em respirar e o cansaço constante ditou que ficasse internada para tentarem perceber o que é que se passa. Em casa, sozinho, também positivo ainda que aparentemente quase sem sintomas, fica o meu afilhado de 16 anos. Vale-lhe o apoio de uma vizinha e da mãe de uma amiga, porque os avós maternos também estão positivos, o pai enfim, e a restante família está longe. Não sei o que será pior, Covid ou solidão...

27.01.21

Diário de um confinamento: FIM!

soumaiseu

time-out.png

(Imagem retirada daqui)

Termina hoje. Sem contactos de quem quer que seja e sem sintomas, para já, graças a Deus! Nas redes sociais, no grupo da turma, nas conversas do WhatsApp chovem alegres festejos pela desejada liberdade que não podem ter. A Rita vai ao terraço respirar ar puro enquanto me ajuda a estender ou apanhar a roupa, o E. espreita infinitamente a árvore enorme que vê da janela lá de casa, a S. vai 15 dias para o pai. Outros continuarão a ficar em casa e a cumprir e outros haverá que irão prevaricar e quebrar as regras. É assim. Se quando eu era adolescente me viessem dizer que um dia haveríamos de viver deste modo eu não acreditaria. E no entanto cá estamos. Em confinamento por causa de um vírus determinado em exterminar os humanos. Um dia haveremos de o derrotar. E que seja breve. 

26.01.21

Diário de um confinamento, a um 1dia do final

soumaiseu

olho-o-mundo-penso-no-futuro-e-anseio-dias-melhroe(Imagem retirada daqui)

Quando sabemos que o país está assoberbado com Covid, que os hospitais estão a rebentar pelas costuras, que o pessoal da saúde está esgotado de todas as formas possíveis e impossíveis, eis que colapsa o Hospital Amadora Sintra. Faz-me reconsciencializar o quanto estamos aflitos. Que tragédia esta se abate sobre os portugueses. Nobre povo, nação valente... Que fazemos nós agora para lutarmos em conjunto? Quão valentes somos quando só ficamos em casa quando o Governo nos impõe e ainda assim transformamos levianamente o passeio higiénico em milhentos motivos para sair de casa? Que nobre povo é este que parece não se compadecer com a morte de tantos que morrem às mãos do Covid, nem dos que morrem por outros motivos porque o Covid impede os nossos profissionais de saúde de fazerem aquilo que foi a sua decisão de vida: salvar pessoas? Sejamos nobres. Sejamos valentes. Por nós. Pelos outros. Pelos nossos. Pela nossa nação. Fiquem em casa...

25.01.21

Diário de um confinamento, a 2 dias do fim

soumaiseu

tecnologia.jpg(Imagem retirada daqui)

Continuamos em casa. A Rita continua bem e aparentemente sem sintomas. Contacto de algum serzinho "importante para a coisa" não houve, recebemos  apenas um e-mail do Director da Escola, sempre muito empenhado em dar-nos notícias do Covid na comunidade escolar, e a informar que dentro de dois dias a turma estará livre do isolamento preventivo. Contudo já entramos entretanto noutro isolamento imposto pelo Governo. E desta vez sem escola on-line, um erro quanto a mim, pois não faço parte daquelas mães que se empertigam com os trabalhos de casa dos petizes. Para mim TPC's q.b. são sempre bem vindos, e mesmo quando os professores se entusiasmam e carregam um pouco mais não vejo que venha daí grande mal. Considero que os miúdos têm de aprender a ter capacidade de trabalho, mas é só a minha opinião. Por cá a petiz agenda reuniões de Zoom para fazer com a Best Friend as fichas de trabalho que a professora de Português recomendou, lê o Alma do Manuel Alegre porque já sabe que terá de fazer um trabalho sobre esta obra, mantém-se as sessões de matemática do Brain Alive e os treinos on-line do Sporting sem trampolins e com muita imaginação da professora. O resto do tempo é passado no telemóvel, no Whatsapp, no TikTok, ou nas séries no tablet... enfim. Quando não há aulas on-line para manter os miúdos mais ocupados e a rua e os jardins não são locais a considerar para estar com os amigos, é difícil impedi-los de "viciar"...

15.01.21

Diário de um Confinamento, dia 3.

soumaiseu

imagem-1.jpg

(Imagem retirada daqui)

Numa das muitas séries que devoro vi uma cena que acordou em mim aquele momento em que nos nasce um filho. Pelos olhos da personagem vi-me a mim, mulher, mãe, prenhe de laços eternos, com aquele vulto nos braços, quente, cheiroso. Senti-te o peso, não só físico, mas acima de tudo psicológico. Parte de mim, minha responsabilidade. Tão doce, tão quente, tão cheirosa, tão viva... mas tão pesada. E o pânico a tomar conta de mim, e a pergunta que me bailava no entendimento "E agora meu Deus, que fui eu fazer? Serei capaz?". Foi nos teus olhos que encontrei a paz que precisava para continuar a dar passos em falso. Nesses olhos profundos, brilhantes e já tão curiosos e cheios de vida. Eras minha e eu já era tua muito antes de o ter percebido. Elo nu e singelo num mundo de emoções que só existem entre mãe e filha. E assim me fiz mãe. Até à eternidade. Porque se um dia te perder vou contigo... 

14.01.21

Diário de um confinamento, dia 2

soumaiseu

bolha-do-discurso-plana-com-pontos-de-interrogacao(Imagem retirada daqui)

So far so good. Continuamos bem. Mas é uma dor de alma vê-las fechadas no quarto como se fossem prisioneiras. Vão-me consolando os risos abafados que saem de lá de dentro e os vídeos do Tik-tok que recebo quando a fome aperta. Hoje já houve aulas on-line, na sala porque no quarto não é possível, e com máscara para proteger os restantes membros da família. Também houve reunião de pais com a DT. Muitas questões sobre o confinamento, poucos esclarecimentos: deu para perceber que cada caso é um caso. Há quem seja contactado pelo Delegado de Saúde, outros por funcionários ou enfermeiros do Centro de Saúde, outros dizem que nem sequer foram contactados. Há que esperar para ver. Ficaram no ar locais onde se pode fazer o teste do Covid, tipo de testes, preços. Dia 2. Um dia a menos desta tortura necessária...

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