Ando perdida e desmotivada. Como por impulso, em automático, e não pode ser. Recuperei grande parte do peso que já tinha perdido e estou novamente nos 90 quilos, portanto hoje de manhã pesei-me cá em casa e voltei à minha luta. Vamos ver como corre...
Ora hoje vim à Faculdade de Psicologia inscrever a minha afilhada numa cadeira á qual ela quer fazer melhoria de nota. Tendo em conta que a secretaria só abre às 10h cheguei cedo. Resolvi fazer tempo na Faculdade de Letras. "Vou matar saudades"- disse para o meu marido. Passaram 24 anos desde a última vez que cá vim e por isso encontrei tudo diferente. Faltam as mesas nos corredores que acumulavam ninhos de estudantes reunidos em volta dos livros e por esse motivo falta gente para encher aqueles espaços gigantescos. Proliferam os bares, os antigos renovados e de cara lavada, os novos situados mais uma vez onde o pessoal gostava de estudar debaixo de um chapéu de sol ao som do chilrear dos passarinhos que por ali andavam. A biblioteca está fechada. A livraria parece já não existir. O mesmo com alguns "institutos" que me eram tão familiares. É assim. Tudo está diferente. Só mesmo a magnitude do edifício parece intocável ao tempo. Estou sentada no átrio principal, exactamente no mesmo sítio onde há muitos anos atrás me sentei no dia em que me vim increver. Na altura tudo me pareceu enorme e eu tão pequenina. Hoje tudo está diferente e o meu fascínio por este espaço continua intocável. Continua a cheirar á minha faculdade...
Não há melhoras. Está a tomar uns comprimidos que têm como efeito secundário o aumento das alucinações, por isso é cada vez mais frequente encontra-lo perdido no seu mundo, sem saber se a casa de banho fica para a direita ou para a esquerda, sem saber se dorme "aqui ou lá em baixo"... Muitas das vezes quer ir trabalhar porque ainda trabalha apesar de admitir que já está reformado há muito anos. Quer ir empalhar as vacas. Quer ir plantar batatas. Por vezes pergunta se não esperamos pela minha sogra para jantar quando ela já não está entre nós há mais de vinte e tal anos. Por vezes não quer jantar porque já jantou um bitoque, ou porque já comeu uma tigela de pão com café com leite. Para nós não tem sido fácil, aliás é cada vez mais difícil. O desgaste no casal é brutal. O desgaste individual não é menor principalmente para mim que lido com ele 24h sobre 24h. A família da parte do sogro acha tudo muito fácil, afinal "ele nem faz nada, só está ali quieto"... Dizem-nos para termos paciência sem que lhes passe pela cabeça que esse tipo de comentário é aquele que menos queremos ouvir. É fácil soltar palavras ao vento. É fácil fechar os olhos ao que é óbvio nos nossos rostos. O meu marido emagreceu consideravelmente. Envelhecemos neste último ano e meio. Os cabelos brancos nascem-nos a olhos vistos. Não temos vida familiar. Não podemos ir juntos a uma festa de anos. Jantar fora é complicado. Ir ao cimena um sarilho. Nunca vamos juntos para nada porque um de nós tem de ficar sempre em casa com ele. Estamos cansados. Saturados. Sem paciência para tudo e até para nós próprios. E onde fica o casal no meio disto tudo? Não fica. É como a ganga surrada.. um dia há-de rasgar!
... que estuda com a petiz. Faço questão de o fazer porque acho que nesta altura é importante ajuda-la a estudar, para que aprenda a fazê-lo comigo e para que ganhe autonomia para estudar sozinha daqui a uns anos. Tem-me dito que não o devia fazer, que a estou a prejudicar, que ela deveria começar a desenvencilhar-se sozinha... e a cara que eu faço é esta: ... Se eu tivesse tido este tipo de apoio em casa quando tinha a idade dela se calhar não tinha chumbado três anos conforme chumbei.... Funciono por instinto e confio nele. Por enquanto é assim que fazemos. Um dia virá em que a deixarei mergulhar no estudo sozinha e sem rede. Até lá... vozes de burro não chegam ao céu!
Há mães e mães. Eu tenho uma cuja existência por si só é uma afronta á essência do que é ser Mãe. Hoje chove lá fora... E chove também dentro de mim...
Quando a família não sabe estar por perto, porque estar ao lado é deveras complicado, difícil e muitas vezes demasiado próximo do impossível. Quando é mais fácil fechar os olhos, olhar noutra direção. Fingir que não sabemos de nada. Quando não queremos saltar muros e ultrapassar barreiras a distância instala-se. A frieza também e as coisas acontecem.... Hoje uma senhora que vivia aparentemente sozinha no prédio em frente ao meu atirou-se do segundo andar... Tal é a sua tristeza, o seu desespero, a sua solidão. Diziam vozes ao meu lado que já não era a primeira vez que ela tinha tentado algo drástico... Hoje viu os seus planos serem gorados mas tenho para mim que um dia destes o sucesso poderá bater-lhe á porta... Infelizmente....
É estranho quando penduramos pela primeira vez no estendal o primeiro soutien desportivo da petiz... Onde está o meu bebe lindo? Onde está a minha menina dos "culhácos" (=caracóis)? Onde está a criança que ainda no outro dia levei pela primeira vez à escola? Estranha nostalgia esta a de criar um filho...
Andei longe de tudo e de todos. Afastei-me. Todos nós lidamos com os problemas de forma diferente. Eu afasto-me. Escondo-me como um animal ferido. Estes últimos meses foram desgastantes. Quase me perdi. Recuperei 4 quilos da minha dieta. Entrei em guerras frias familiares. Andei por baixo, muitas vezes no fundo do poço. Sem vontade de vir à tona. Triste, chorona e pensativa. Questionei tudo e todos. Questionei os meus amigos e a refiz as minhas amizades. Quando estamos na fossa é incrível ver a quantidade de pessoas que se mantém ao nosso lado: parecem ratos a fugir de uma enxurrada. Questionei o meu casamento, de uma forma como nunca o tinha feito. Entrei em modo de ressentimento e deixei-o envenenar-me o coração. Estive a um passo de... Valeu-me a Carla e as suas questões certeiras no momento certo. Até que acordei e pensei que raio estou eu a fazer comigo? Ter uma pessoa demente em casa dá cabo de nós. É preciso força constante para nos mantermos à tona. Capacidade de resistência e até mesmo abstração. Ninguém tem ideia de como é esgotante e stressante até ter essa situação entre mãos. O casal tem de remar para o mesmo lado, e acreditem que as correntes são muitas, quando damos pela conta já estamos de costas voltadas e cada um a remar por si. Difícil. Esgotante. Cansativo. Mais: exaustivo. Refiz as minhas prioridades levantei-me e estou de volta. Hoje, passados tantos meses sem vir ao e-mail abro-o para encontrar comentários da Ana: "Tenho saudades de te ler..." E nesse instante tive vontade de voltar ao blog. Porque há gente que mesmo virtualmente, sem nunca nos terem visto nem mais magros nem mais gordos, se mantém connosco. Que se mantém presentes e ao nosso lado. Que de alguma forma se preocupam connosco e sentem a nossa falta. E esses são os que fazem justiça à palavra amizade... Amigos virtuais e tão improváveis....
Get ready: I´m back!
Todos esperam que eu pife. Que entre em modo de depressão. Todos me perguntam como consigo, como me aguento. Rotulam-me de mulher forte, resistente, rija. Sabem lá alguma coisa sobre mim! Sabem lá o esforço que faço para todos os dias fazer mais um dia. Estou a começar a ceder ao cansaço. Durmo mal e as horas que durmo não são reparadoras. Irrita-me acordar a meio da noite e não conseguir dormir, mesmo que o Explorador nada tenha a ver com isso. Não tenho paciência para arrumar a casa. Estou farta de passar os meus dias a limpar e a arrumar aquilo que os outros sujam e deixam desarrumado. Não tenho paciência para convívios sociais. Até o Rancho passou a ser um frete. Olho para a minha vida e não a reconheço. Não foi este o modo de viver que eu construi para mim. Não foi esta a forma de estar na vida que eu idealizei. Não reconheço o meu marido, não me reconheço a mim. O que é que eu faço por mim? Nada... O que faço pelos outros? Tenho mesmo de responder? O que é que os outros fazem por mim? Pois é... As minhas únicas alegrias são a minha filha, a cadela e as gatas... Ando em piloto automático. Alguns dir-me-ão que estou a precisar de férias. A esses eu respondo que não gozem comigo. Outros vão-me dizer que bem me avisaram e que eu estou finalmente a ceder. E eu respondo-lhes "Queriam! Essa alegria não vos dou eu!". E os que me conhecem bem entendem que estou sim a passar por mais uma fase negra, mais um daqueles períodos em que tudo perde o brilho. Esses sabem que ao fundo do túnel há forçosamente uma luz à minha espera, e que por muito que eu de vez e quando me deixe ficar na escuridão há um dia em que me farto e saio de cabeça erguida. Às vezes demora mais outras menos... o que me preocupa é o desgaste que fica com o meu rasto...
Passei 4 anos da minha vida a "conviver" com as mães dos colegas da minha filha. E usei aspas de propósito porque com algumas a "convivência" não passava de um "Olá, bom dia! Tudo bem?", às vezes lá perguntávamos pelos testes. "Então João, o teste? Então Afonso? E a ti Rodrigo? E tu Leonor?". Quando se têm uma filha que não quer ir a todas as festas de aniversário dos colegas não é fácil... Com algumas mães a coisas proporcionou-se muito mais próxima. Algumas eu já conhecia da pré-escola, umas passaram-me completa e totalmente ao lado, outras nem tanto. Mas voltando ao Baile. Ao concordar com o evento vi-me evolvida num grupo de mães elétricas, cheias de amor pelos seus rebentos, prontas para dar mais do que o litro. O Whatsapp não parava de telintar. Às vezes quando ia ver era só um "Bom dia" cheio de Imoji's sorridentes e bem dispostos. As que eu não conhecia tão bem revelaram-se pessoas muito especiais. Mães "muita malucas" como elas próprias se definiram. Gente que se uniu em prol de um objetivo comum: fazer sorrir os nossos filhos. Os miúdos vão ser separados. O grosso deles vão todos para a mesma escola mas ainda assim serão colocados em turmas diferentes. Seja como for a união que as mães estabeleceram entre elas já alastrou aos petizes. A Rita criou "Os fixes", um grupo no Whatsapp com todos os colegas de turma. Atrás dela outros grupos foram criados por outros colegas. O meu Whasapp acalmou com a "telintadeira" mas o da minha filha está ao rubro... Mães, a maioria de vocês não sabe da existência deste blog e por isso não lerá as minhas palavras, ainda assim deixem-me dizer-vos que foi um enorme prazer privar com vocês. Mais do que 5 estrelas vocês são todo o céu estrelado e é para mim um orgulho pode fazer parte desse mesmo céu. Por tudo o que fizemos pelos nossos filhos e a todas nós: um muito obrigada!
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