Ritanhês....
- Mamã, estou ansiosa para que comece a escola...
- Ai é?
- Assim vou para a escola, vou estar a aprender coisas novas e não tenho de estar a aturar o avô "novo"...
(A Rita refere-se aos avôs como "velho" e "novo", não pelas idades deles, mas pelo grau de antiguidade no nosso lar, o meu sogro é o "novo" hóspede cá de casa, daí a designação)
A Rita nunca teve uma proximidade muito grande com o avô paterno. Quando ela nasceu veio conhece-la e depois voltou a vê-la quando ela já tinha 7 ou 8 meses. Via-o de longe em longe, nos anos dele, da pseudo-sogra, no Ano Novo, na Páscoa. Houve uma altura em que, por insistência da pseudo-sogra que adorava a miúda, estavam mais próximos e ele até brincava com ela, mas a doença dele foi-o tornando cada vez mais distante e ausente. Hoje é um homem desligado da neta, que está habituado a estar sozinho, tem os seus hábitos, o noticiário é sagrado e gosta de comandar a televisão. Claro que choca com a miúda, claro que não tem consciência para flexibilizar e impõe silêncio quando o que ela quer é cantar e brincar... Já começam a chocar. Ou melhor, ele refila e ela acata a ordem amuada... e chora irritada com a situação. É perspicaz a minha menina. Sabe que o avô não está "bom da cabeça" e talvez por isso não lhe responde como seria de esperar que o fizesse tendo em conta o seu feitio refilão... Mas sente o espaço dela ameaçado e isso não lhe agrada nada. Venha a escola rapidamente que a miúda precisa de arejar o sótão!