O Explorador...
Este foi o primeiro Natal em que eu discuti com alguém. Com o sogro. A noite anterior à noite de Natal passei-a a vomitar e por consequência passei o dia 24 mal disposta, cheia de dores no estômago, cólicas intestinais, frio, cansaço. Os petiscos que fiz cá para casa fiz a custo e com sacrifício porque só me apetecia era estar na cama. E é então que na noite de Natal, depois de já termos aberto as prendas, às 5.30 da manhã, o sogro tem um achaque. Está a pé e quer "ir ao funeral do homem que morreu". Explicamos-lhe que não há nenhum funeral, ninguém morreu, e que àquelas horas não se vai a funerais. Insiste. Tentamos mete-lo na cama mas não conseguimos. O filho deita-se deixando-o na sala, sentado na sua cadeira, desperto. Quando dou por ele ressonava ao meu lado. Aquilo irritou-me! Levanto-me e tento mais uma vez dar a volta à situação, irritada como estou não consigo falar-lhe com calma (Mea Culpa), o tom de voz sai-me mais autoritário do que provavelmente seria necessário. E é então que o sogro me grita e me diz "Quem manda aqui sou eu, car....lho! A casa é minha!" O sangue ferveu-me nas veias e as coisas descambaram. Num acesso de raiva descontrolado não me calei, perante a impavidez e serenidade do filho disse-lhe umas quantas verdades, até que percebi que não valia a pena discutir com um homem louco. Provavelmente nesta altura muitos de vós apontam-me o dedo: "Porque raio fizeste tu isso? O que é que te deu? Não sabes que não vale a pena? Que não adiantas de nada?, O homem está louco, não sabe o que diz! "Sei isso tudo! Mas também sei que a situação está cada vez mais complicada. E sei que o meu escape é responder à letra. Sei que por muito que não adiante jamais ficarei calada porque é assim que eu me defendo e me protejo, porque esta é a minha forma de reagir. Mesmo sabendo que nada vou conseguir. Mesmo sabendo que o outro tem a "desculpa" da doença para tudo o que faz, e eu não. Por muito que a doença o justifique não podemos ser constantemente permissivos. Não me calei porque tenho uma filha para criar e não vai ser um sogro mau, venenoso e arrogante que me vai fazer prostar. Posso dobrar, mas jamais partirei! Pela minha filha!