O Explorador...
Um quarto para as cinco da manhã. Sobressalto com o Toc-toc da bengala no chão. Acordo o marido. Digo-lhe que o pai anda outra vez a passear pela casa. O marido levanta-se e encontra-o na sala.
- Que andas a fazer?
- Estou a ver se há por aqui alguma coisa para roubar...
- Para roubar?
- Sim... isto é uma mesa... isto é uma cadeira... aqui é roupa...
- Não há aqui nada para roubar, estás em casa...
- Mas deixa ver, pode haver aqui alguma coisa... e ali? - referindo-se ao nosso quarto.
- Ali também não, é onde nós dormimos...
- Então deixa lá ver melhor... pode haver aqui alguma coisa para roubar...
Levanto-me da cama, encontro as coisas no corredor reviradas e espalhadas pelo chão, e no chão do quarto dele um lago de urina. No meio da confusão mental algo correu mal e aliviou-se mesmo ali. Um limpa o chão outro arruma as coisas. Depois passo por ele e pergunto:
- Porque é que está acordado?
- Ah, espalhei o sono e agora estou acordado...
- Sabe que horas são? Veja lá no relógio as horas.
- São cinco...
- São cinco da tarde ou da manhã?
- É de noite...
- Então são cinco da manhã. O que é que se faz a esta hora?
- (Confusão)
- A esta hora as pessoas normais dormem. Porque é que você anda a passear pela casa a esta hora? Vá dormir! A esta hora dorme-se!
- Está bem, vou-me deitar mais um bocado...
E assim fez. Ficámos sem saber se ele queria roubar alguma coisa ou se queria precaver-se contra terceiros.
E nós? O marido adormeceu de imediato, eu, irritada e perplexa com o charco no chão perdi o sono. Às 6 e pouco ainda estava na net a absorver informação sobre demência vascular e punções lombares... Vou ficar craque no assunto. Oh, vida!