Diário de um Confinamento, dia 3.
(Imagem retirada daqui)
Numa das muitas séries que devoro vi uma cena que acordou em mim aquele momento em que nos nasce um filho. Pelos olhos da personagem vi-me a mim, mulher, mãe, prenhe de laços eternos, com aquele vulto nos braços, quente, cheiroso. Senti-te o peso, não só físico, mas acima de tudo psicológico. Parte de mim, minha responsabilidade. Tão doce, tão quente, tão cheirosa, tão viva... mas tão pesada. E o pânico a tomar conta de mim, e a pergunta que me bailava no entendimento "E agora meu Deus, que fui eu fazer? Serei capaz?". Foi nos teus olhos que encontrei a paz que precisava para continuar a dar passos em falso. Nesses olhos profundos, brilhantes e já tão curiosos e cheios de vida. Eras minha e eu já era tua muito antes de o ter percebido. Elo nu e singelo num mundo de emoções que só existem entre mãe e filha. E assim me fiz mãe. Até à eternidade. Porque se um dia te perder vou contigo...