Demência Isquémica...
Os que por aqui passam com mais frequência sabem que sou uma pessoa crente e que acredito que tudo nesta vida acontece por uma razão, ainda assim há provações que não entendo e que me custam a aceitar.
Neste momento tenho o meu sogro a viver connosco. Durante o período de férias teve dois episódios de desorientação e imobilização total. Passou duas noites em observação e análises, uma no Hospital de Lamego, outra já em São José (o filho teve de o ir buscar ao Norte uma vez que a desorientação estava ao rubro e a família de lá não estava a conseguir dar conta do recado). Foi incorrecto, mal educado e agressivo com todo o pessoal hospitalar ao ponto de ter sido necessário seda-lo para poderem trabalhar como deve ser. Foi-lhe diagnosticada uma demência isquémica, já em estado mais avançado do que aquilo que os médicos supunham inicialmente. Está dependente de cuidados constantes. Consegue manter um discurso diário fluente, mas trava em situações que impliquem cuidados básicos como tomar banho e alimentar-se. Está incontinente sem ter consciência disso. Recusa-se a mudar fraldas e a trocar a roupa que molha cada vez que tenta ir à casa-de-banho. Confunde espaços físicos e temporais. Acha que o café de Alhões é já ali ao fundo da rua. Chama Rita à neta mas disse ao Neurologista particular onde o levámos que o nome dela é Ana Sofia e que tem 8 anos e não nove. Não se lembra da data de nascimento do único filho que tem, nem da morada completa onde vive, está connosco em Moscavide mas diz a todos que está nos Olivais.Tem alturas em que se recusa a tomar a medicação porque considera que toma comprimidos a mais e torna-se agressivo quando diz que os cospe para o chão se lhos dermos à força. Temos consulta de Neurologia no Hospital dos Capuchos no final do mês. Até lá vamos adiantar trabalho e fazer uma ressonância magnética para confirmar ao pormenor os estragos do cérebro.
E é isto. A minha vida não tem sido fácil e parece que isso não vai mudar tão cedo, aliás a mim até me parece que está cada vez mais "aprimorada"... Estamos numa fase de acertar os ponteiros e dividir tarefas. Ainda agora "a procissão saiu da Igreja" mas digo-vos que já me estou a passar da "marmita"... Deus me dê forças que bem preciso do seu ombro amigo!