Sinto falta...
(Foto retirada do facebook)
De tempo para mim. Para a minha filha. Com o sogro cá em casa resta-me muito pouco tempo. Os meus dias são passados em cuidados constantes: cozinha, dá de comer, dá medicamentos, dá lanches, limpa, muda de roupa, lava roupa, limpa a casa, muda camas... Não é fácil a minha vida! Levo com os achaques do sogro, com os dos meus pais que "vivem" cá enfiados, com os comentários tristes de quem me diz "Ah, mas ele está muito bem! Estás a fazer um bom trabalho com ele..." e ficam a olhar para mim quase que à espera de um "Obrigada". Berdamerda! Preferia que me perguntassem como EU estou, se EU consigo dar conta do recado, se EU estou bem, como anda a MINHA cabeça... Claro que o o sogro está bem tratado, quem me conhece sabe de antemão que jamais eu seria capaz de o maltratar ou de o tratar menos bem. Mas custa. Custa ouvir as censuras dos outros. O insinuar que ele não é assim tão demente. Que estamos a exagerar. Que somos maus e insensíveis quando contamos as expedições que ele faz à casa aramado em Indiana Jones... Olham para nós como se fossemos uns queixinhas intriguistas. Deixei de contar, deixei de desabafar. "Está tudo bem?", "Está tudo óptimo...", "O teu sogro como está?", "Está porreiro...". Não sabem o que é viver numa casa que é nossa mas onde temos de esconder as chaves da porta para prevenir fugas, onde os móveis que tem essa possibilidade estão também eles fechados à chave, o ouro está trancado num cofre, o dinheiro que guardamos em casa, essencialmente dinheiro que dão à Rita, está escondido na prateleira mais alta do roupeiro mesmo lá atrás... Tudo porque o Indiana Jones nas suas expedições considera muitas vezes as nossas coisas como "porcaria" e tenta livrar-se delas... Tenho dito muita vez que bastava uma semana com ele para terem noção do que é viver numa prisão. Quem não sabe é como quem não vê... infelizmente! E nestas situações torna-se tão fácil apontar o dedo aos outros...