Novamente à minha terra!
Hoje acordei a pensar na minha aldeia! (A culpa é do livro do Tony Carreira A Vida Que Eu Escolhi: estou a ler aquela parte inicial em que ele só fala de Armadouro ).
E vai na volta lembrei-me da minha terra!
Estamos na Quaresma e para aqueles que não sabem, esta é uma das épocas mais bonitas de Proença, altura em que se vivem as mais enraizadas tradições religiosas. Na Sexta-feira Santa faz-se o Enterro do Senhor na Misericórdia... lembro-me que quando era pequena o Enterro ser feito com muita garra.... a tampa do caixão era atirada com uma força brutal e o estrondo fazia-nos saltar o coração.... nunca mais me esqueci desse barulho.... Hoje as coisas já são feitas de forma mais suave. Mas o que eu gosto mesmo é de ver o povo juntar-se á porta da Misericórdia a cantar no chamado Sábado de Aleluia... Não resisto.... se estiver a passar a Páscoa na terra, lá vou eu também para o meio do maranhal entoar as velhas canções que a minha avó e o meu pai me ensinaram desde tenra idade!
"Aleluia, aleluia!
Aleluia, Aleluia!
Aleluia já é festa!
Desceu um anjo dos céus
Nossa alegria é esta!
...
Olha a laranjinha
Que caiu, caiu
Num regato de á gua
Nunca mais se viu
...
Adeus Quinta-feira Santa
Sexta-feira de Paixão
Adeus Sábado de Aleluia
Domingo de Ressureição"
A minha avó contava que quando ela era míuda costumavam também encomendar as almas e então ia um grupo de pessoas para a Igreja e outro para o Calvário e entoavam cânticos que se ouviam em cada um destes sítios .... era de arrepiar! Nunca vi, ou se vi era certamente muito pequena porque não tenho qualquer recordação.... Foi uma tradição que se perdeu e hoje em dia penso que já não se faz.... deixo a dica à Proençal : se tentam recuperar as velhas tradições de Proença, porque não esta?
Há já alguns anos que não vou passar a Páscoa a Proença. O ano passado não fui porque a minha filha nasceu na Semana Santa. Foi sem dúvida a melhor Páscoa da minha vida! Tive um Ovo da Páscoa muito especial! Este ano, infelizmente, por questões profissionais também não me foi possível lá ir!
Mas tenho a certeza que os fornos ainda se acedem para cozer os Bolos da Páscoa, e que a aldeia cheira divinalmente a bolos, fumo e a Primavera... e que junto à ponte o Rio corre raso como sempre, lindo, arrastando consigo um tapete bordado a limos verdes e minúsculas flores brancas.
Para o ano, se Deus quiser, lá estarei. E a minha Rita, já mais crescida, vai certamente começar também ela a apreciar a beleza desta aldeia tão especial, a minha terra!