Ritanhês... as últimas!
- Té! Num podis igar a ivizão... gata pilas, Té!
(=Té! Não podes ligar a televisão... gasta pilhas, Té!)
- Ai a méda!
(= Ai a merda!)
- Ritinha! Isso não se diz!
- Puquê?
- Porque é uma palavra feia, há coisas que não se dizem... porque cheiram mal. E tu não queres cheirar mal pois não?
Uns dias mais tarde:
- Mamã! Num ô izer máx cosa... xeda mai!
(= Mamã! Não vou dizer mais coisa... cheira mal!)
- Linda! As meninas lindas não dizem palavras feias!
- Mamã! Ópois eu vou ilhar cu meu avô Tó, diche cosa teia mal....
(= Mamã! Depois vou ralhar com o meu Avô Tó, diz coisas que cheiram mal...) Tá-se mesmo a ver com quem é que ela aprendeu!
Cá em casa temos um pequeno jardim zoológico. Em Janeiro a minha mãe teve de fazer um tratamento no IPO que implicava ficar isolada durante 4 dias, e por isso a Tucha, a gata da minha mãe, veio cá para casa e acabou por ficar. A Tucha tem um cio terrivel, daqueles que se ouvem no quarteirão todo. Quando ela mia desalmadamente, o nosso Doggy ladra-lhe, e como a gata consegue ser mesmo chata e irritante, normalmente nós recompensamos o cão com uma festa na cabeça e um caloroso "Lindo! Cão lindo!". A Rita reteve a informação e passou a usá-la. Ora vejam:
- Mamã! Keio tiáis com letche...
(= Mamã! Quero cereais com leite...)
Ponho-lhe os cereais à frente.
- Linda, mãe!
- Mamã! Keio letche kiaké...
(= Mamã! Quero leite com chocolate...)
Aqueco-lhe o leite, e pergunto-lhe quem pôe as colheradas de chocolate em pó e quem as mexe...
-Tu!
OK. Faço as minhas tarefas, ponho o chocolate e mexo... como não entornei nada nem fiz nenhuma porcaria...
- Linda, Mãe!
É a minha recompensa!
- Papá! Keio vei a Maia...
(= Papá quero ver a Maia...)
O pai pôe o DVD da Abelha Maia.
- Lindo, pai!
Mais uma recompensa!
- Mamã! Keio ie a Alhões, à tia, tem a mina Maiota!
(= Mãmã! Quero ir a Alhões ver a minha Marota!)
(A Rita sempre que fala com as Tias do Norte aproveita para pedir uma Marota, uma cabrinha branca igual à da Heidi. Lembram-se? Há tempos a Tia Marfida disse-lhe que tinha nascido uma Marota mas que não era branca, era amarela. A Rita não se importou muito...
- Ópois naci uma banca!
(= Depois nasce uma branca!)
Tenho-lhe dito que tem de deixar as chuchas, porque já está a ficar crescida e as meninas grandes não usam chuchas... Temos na família uma prima que está grávida, e aproveitei isso para lhe dizer que quando nascesse o bébé da Tânia a Rita tinha de dar as chuchas ao bébé. Resposta da Rita:
- Não chixo mãe! Ópis amos a Alhões e eu dô a minas chuchas à mina Maoita!
(= Não preciso, mãe! Depois vamos a Alhões e eu dou as minhas chucas à minha Marota!)
Sabem o que vos digo? Esta Marota é uma sortuda! Parece que vai ganhar as chuchas da Rita, e ainda vai ter direito a umas bolachas de chocolate que a Rita anda a guardar religiosamente para lhe dar quando lá fôr! Há cabras com muita sorte!