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Sou Mais Eu...

Sou Mais Eu...

26.02.21

Mãe sofre!

soumaiseu

sonhar-aborrecimento.jpg

(Imagem retirada daqui)

Vem uma pessoa ao blog decidida a escrever algo. A inspiração já é pouca mas há sempre a esperança de que alguma ideia nos surja depois de espreitar os vossos cantinhos, mas é difícil surgir qualquer lampejo que seja quando temos uma miúda de 20 em 20 segundos a chamar a tua atenção:
- Mãe, olha este "meme"... 
- Mãe, olha este tão giro...
- Mãe, já te contei daquele "meme" que...
- Oh mãe, oh mãe! Tens de ver este. É fabuloso!
- Olha mãe tão giro, é um gatinho.....
- E este mãe, só mais este... olha tão fofo!
- Mãe, olha o que a S. me mandou....
- Mãe, olha o que eu lhe vou mandar....
- Mãe, olha o vídeo que eu fiz com fotos minhas e da S....
BAAAAAAHHHHH! Credo miúda! Gastas-me o nome! Eu desisto... Ou melhor, vou-me vingar, vou dizer mal de ti no blog! Que chata, pá! 

Feito! 

19.02.21

A arte de bem burlar, ou não...

soumaiseu

sinal.jpg

(Imagem retirada daqui)

Passou-se hoje, em Moscavide, com os meus pais. O burlão conduz um carro  e é a segunda vez que aborda o meu pai. O método é sempre o mesmo. Faz-se passar por alguém da terra, sem nunca avançar primeiro com qualquer afirmação e conduzindo a conversa usando informação previamente dada e fazendo deduções. Aborda os velhotes cheio de sorrisos e simpatia tapados por uma máscara, mas sempre de dentro do carro. A primeira vez que abordou o meu pai tentou-lhe "oferecer" um conjunto de lençóis bordados a troco de 20€. O meu pai esquivou-se dizendo que não tinha o cartão MB com ele,  que "estava com a mulher". Desta vez a conversa foi mais ou menos a mesma, com a diferença de que o meu pai o reconheceu imediatamente da primeira tentativa:
- Então pá, não falas à malta da terra?

- Então não falo porquê?
- Parece que não queres falar. De que terra és?
- Sou de Proença...
- Então e tu não falas ao pessoal de Proença? Estive lá no outro dia.
- Eu há muito tempo que não vou lá.
- Então e tu não sabes quem eu sou?
Há lá cafés muito antigos...
- Pois há, há a Pantana...
- E os filhos dela?
- Ela não tem filhos...
- Mas havia mais cafés.
- Havia a Eugénia...
- Então eu sou filho dela. Não tenho estado cá, estive a trabalhar no estrangeiro, tenho lá um negócio.
- (O meu pai, já desconfiado com a história, avança com um nome, sabendo de antemão que essa pessoa foi efectivamente emigrado mas, já faleceu) Ah, já sei quem tu és, és o irmão do João C., o Manel?
- Sou eu, sou...
- És o Manel?
- Sou pois.
- Tira lá a máscara que eu quero ver quem tu és pra te tirar à casta...
- Não tiro, não se pode.
- Tira lá que estamos de longe não faz mal.
- Não tiro nada. Anda entra aí no carro que está a começar a chover. Quando é que vais à terra? Eu para a semana vou lá. Se quiseres vir eu levo-te, levo-te a ti e à mulher... Entra aí, anda.
- Não entro nada. Não preciso de boleia nenhuma que eu tenho carro. Quando quiser vou sozinho.
- Eu levo-te. Olha vou abrir uma loja aqui em Moscavide. Vou-te dar uma prenda que é para tu veres o que lá vou vender... (e estende a mão para um monte de lençóis embalados no banco de trás do carro).
- Não quero!
- Não queres porquê? Anda lá, toma lá, sou eu que te dou.
- Já te disse que não quero, não quero prenda nenhuma, não quero nada teu.
- Anda lá aceita.
-  (Gritando) JÁ TE DISSE QUE NÃO QUERO.
E só então o burlão desistiu, ligou o carro e pôs-se a andar.


Foi pena que na confusão o meu pai não se tenha lembrado de anotar a matricula, porque era eu mesma quem apresentava queixa na Policia. O meu pai foi "rato". Outros velhotes não serão tão espertos para escapar às garras destes criminosos. Não consigo deixar de pensar no que poderia ter acontecido. Vou mais longe, quantos velhotes não sofreram já às mãos destes "lobos mansos acarneirados", quantos não desapareceram se calhar enleados nestas teias. Avisem os vossos velhos, falem com eles. Nunca é demais! Quando a idade já pesa e muitas vezes o discernimento já nos falta tornamo-nos presas fáceis. Todo o cuidado é pouco!

 

16.02.21

Sem Carnaval...

soumaiseu

Matrafona.png(Imagem retirada daqui)

Há muitos anos atrás a minha amiga Isabel desafiou-nos para irmos ver um Enterro do Carnaval. Reticente lá fui, sem saber que nascia nesse dia uma paixão por estes "carnavais" que todos os anos repito a gosto. E sabem do que gosto mais? Das Matrafonas. Pronto, está bem, tudo o resto também tem piada, desde os bebés vestidos a rigor aos restantes mais ou menos maliciosamente enfeitados, mas do que eu gosto mesmo é das tradicionais Matrafonas!  

(Se vos interessar mais informação sobre Matrafonas aqui)

 

09.02.21

O Amor...

soumaiseu

antoine_de_saint_do_primeiro_amor_gosta_se_mais_do(Imagem retirada daqui)

Em Outubro casou-se a filha mais nova dos padrinhos do meu marido. Quando perguntei ao pai qual era a sensação de casar a miúda lá de casa respondeu-me simplesmente "Faz tudo parte de um percurso que é normal e natural, é mais um passo na mesma direcção, que é suposto e que se espera que aconteça, faz parte da vida, é assim..." Palavras sábias de um homem calado que me ficaram na mente. Eu, mãe galinha, coruja, ave de rapina, leoa, me confesso. Receio o momento em que terei de passar a dividir o afecto da a minha filha com outro alguém e isso incomoda-me bastante porque não sei como vou reagir e não quero de forma alguma reagir de forma incorrecta. A reter: é tudo "... normal e natural... ". Nota mental registada. Tudo normal e natural...

08.02.21

Olhares

soumaiseu

Cuidar.jpg.crdownload(Imagem retirada daqui)

Hoje fui com a minha mãe a um dos Hospitais aqui da zona de Lisboa e enquanto eu andava com ela de um lado para o outro não pude deixar de reparar num casal que também por ali andava na mesma lide, talvez da idade dos meus pais. Percebi desde logo que a mente dele estava afectada. O senhor trazia consigo dois sacos de plástico que supostamente continham "papéis importantes que podiam ser precisos". Disse a um dos enfermeiros que trazia ele os sacos porque "ela nunca gostou de andar com sacos". "Toda a minha vida carreguei sacos", defendeu-se ela. E mais tarde ouvi-o comentar para o lado: "Cinquenta e um anos de suplício a aturar isto! Esta mulher levou-me a minha cabeça e levou-me os meus olhos..." Não pude deixar de sentir pena da senhora. As doenças mentais são desgastantes. Deduzo que esta senhora trate do marido o melhor que sabe e pode. A idade  também nela já ia avançada e acredito que não seja fácil lidar com o aparente mau feitio do senhor. A tristeza que vi naquele rosto. A pressa em chegar ao aconchego de casa que lhe senti no andar. A autoridade com que lhe agarrava a manga do casaco por ele se recusar a dar-lhe a mão. Percebi-lhe no respirar uma urgência que me é tão familiar e entendi-a  também como minha, porque só quem lida com estas doenças consegue entender esta revolta e ler estes sinais. Cuidar é tudo menos fácil. 

08.02.21

Ritanhês...

soumaiseu

humor.jpg

(Imagem retirada daqui)

A Rita tem uma destas leggings de napa que agora tanto se usam. Adora-as porque são fashion, e são quentinhas, e lhe ficam bem, e tal e tal... Mas ontem, ao andar de carro percebeu-lhes uma desvantagem. Sempre que o carro fazia uma curva para a direita lá ia a Rita, para a esquerda lá vem a Rita, uma travagem mais brusca, lá vai a Rita para a frente: 
- Mãe, não gosto destas calças! Pareço manteiga...  
(Não percebo qual é o problema dela, eu cá gosto muito de manteiga... )

Na mesma viagem a Radio passou a música "Quando formos velhinhos" do Rogério Charraz, e acerca da letra resolvemos perguntar-lhe se sabia o que era um gira-discos. 
- Sei, é aquela coisa que tu pões lá uma cena e dá música, tipo coluna... 
(Tipo coluna? Ok.... )

Acordar a Rita de manhã é desde sempre uma tarefa árdua por isso um dia destes resolvi acorda-la aos gritos. Entrei no quarto e gritei entusiasticamente "RITAAAA ACORDAAAAA! ACORDA RITAAAAAA" enquanto abria as persianas e lhe dirigia a luz do candeeiro do beliche para o rosto...
- Mãe, estou a ver a luz... Mãe eu não quero ver a luz... Por favor mãe... eu não quero ver a luz!  Afasta de mim essa luz... Mãe, por favor não deixes que eu veja a luz... 
(Temos atriz.... )

Pai: Vou tomar banho...
Rita: Vai pai, que já se sente o cheiro aqui... 
( Check! )

06.02.21

Os trocadilhos da Rita

soumaiseu

porco.jpg

(Imagem retirada daqui)

Na hora de deitar, o pai foi ao quarto dar-lhe um beijo de boa-noite e, ao invés de fazer a coisa rapidamente, ficou por lá  na tagarelice e a fazer sala... Tive de correr com ele:

- Vá lá! Andor! Sai daqui pra fora que a miúda tem de dormir que já é tarde!
- Tens de arranjar uma vara... de porcos! - E ria-se, ria-se, ria-se...
- Mas qual é a piada?
- Mãe? Vara: pauzinho para enchutar os animais; e vara: vara de porcos?

 A menina tem muita graça, tem, tem! 

01.02.21

Pensamentos...

soumaiseu

salmos-139-1-2.jpg

(Imagem retirada daqui)

Sou mãe. Primeiramente, acima de tudo, principalmente e antes demais, sou mãe. Quando penso no Covid e na quantidade de vidas que se perdem, nas  vivências que ficam interrompidas, mães que perdem os filhos, filhos que perdem os pais, palavras que ficam por dizer, abraços e beijos por dar... Tenho ânsia de acelerar a lista de coisas que ainda quero fazer, dividir-me em milhentas formas eficientes porque na verdade não estou preparada para partir. Estará alguém? Provavelmente não. O Covid surge na nossa mente como uma força premente que se insinua nos nossos pensamentos e traz consigo o medo, o receio. Não. Não devíamos partir assim, aos magotes, como um bando de pássaros assustados. Ser forçado a abandonar a Pátria e ser enviado para o estrangeiro. Morrer sozinho. Longe. Entre estranhos que muito provavelmente nem a nossa língua falam. E mesmo que se morra cá, esperar oito dias para ser enterrado. Ser cremado quer se queira ou não. Sem família. Sem amigos. Sem ninguém. Não se morre dignamente com Covid. Perdemos mais do que a saúde, perdemos a dignidade. Apenas nos resta o maldito Covid. 

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