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Sou Mais Eu...

Sou Mais Eu...

29.01.21

Chegou aos meus...

soumaiseu

marisaczl-1557362052772-cathopic.jpg(Imagem retirada daqui)

Ontem alguém dizia na televisão que enquanto os mortos não ganhassem um nome, enquanto não fossem os nossos conhecidos e familiares a sofrer os efeitos da pandemia, iríamos continuar na negação do vírus. E ontem os números dos doentes internados ganharam mais um nome:  T, a minha prima, madrinha da minha filha, está internada no Hospital de Castelo Branco. A dificuldade em respirar e o cansaço constante ditou que ficasse internada para tentarem perceber o que é que se passa. Em casa, sozinho, também positivo ainda que aparentemente quase sem sintomas, fica o meu afilhado de 16 anos. Vale-lhe o apoio de uma vizinha e da mãe de uma amiga, porque os avós maternos também estão positivos, o pai enfim, e a restante família está longe. Não sei o que será pior, Covid ou solidão...

28.01.21

Sobre mim...

soumaiseu

ondas-e-mares-o-que-sao--5071-3.jpg(Imagem retirada daqui)

Em resposta à Rute do blog O Meu Maior Sonho cá fica um pouco do que sou. Baptizada com o nome de Conceição desde muito cedo que me rebelei ao meu nome para grande desgosto da minha mãe, e por isso sou simplesmente São para quase toda a gente. Tenho 49 anos, casada, mãe de uma petiz, de seu nome Ana Rita com 13 anos, autora do Ritanhês que por aqui se fala. Neste momento não trabalho, sou cuidadora a tempo inteiro do meu sogro, o Explorador, que sofre de demência, tomo conta da casa, dos meus pais que não estando dementes já precisam de apoio, da minha filha e da afilhada que vive connosco durante o ano lectivo enquanto estuda Psicologia. O meu blog é um reflexo de todo este meu viver. Inicialmente foi criado para registar toda a minha vivência enquanto mãe porque uma das coisas que mais confusão me fez foi perceber que a minha mãe não registou muitas lembranças dos tempos da minha criação. E porque a memória é curta e traiçoeira surgiu este blog onde falo de mim enquanto mãe e da minha experiência, da minha filha, dos meus devaneios, do que penso. Sou Mais Eu porque a partir de um certo momento da minha vida senti necessidade de me impor e cobrar para mim o respeito que também mereço ter, e por isso aqui me afirmo à minha maneira e a mim própria. É aqui que me solto, que me lamento, muitas das vezes é também aqui que choro, embora nunca permita que esses meus textos cheguem até vós, afinal de contas a minha vida nem sempre é um mar de rosas e há muitas sombras que pairam sobre a minha mente. O melhor disto tudo são vocês. Alguns já me conhecem à muito tempo, como a Rute, outros vão chegando aqui aos poucos, silenciosamente. Uns ficam e outros partem. Sem problemas e sem ressentimentos porque a vida é como o mar, cheia de marés que nem sempre podemos ou queremos aproveitar... 

27.01.21

Diário de um confinamento: FIM!

soumaiseu

time-out.png

(Imagem retirada daqui)

Termina hoje. Sem contactos de quem quer que seja e sem sintomas, para já, graças a Deus! Nas redes sociais, no grupo da turma, nas conversas do WhatsApp chovem alegres festejos pela desejada liberdade que não podem ter. A Rita vai ao terraço respirar ar puro enquanto me ajuda a estender ou apanhar a roupa, o E. espreita infinitamente a árvore enorme que vê da janela lá de casa, a S. vai 15 dias para o pai. Outros continuarão a ficar em casa e a cumprir e outros haverá que irão prevaricar e quebrar as regras. É assim. Se quando eu era adolescente me viessem dizer que um dia haveríamos de viver deste modo eu não acreditaria. E no entanto cá estamos. Em confinamento por causa de um vírus determinado em exterminar os humanos. Um dia haveremos de o derrotar. E que seja breve. 

26.01.21

Diário de um confinamento, a um 1dia do final

soumaiseu

olho-o-mundo-penso-no-futuro-e-anseio-dias-melhroe(Imagem retirada daqui)

Quando sabemos que o país está assoberbado com Covid, que os hospitais estão a rebentar pelas costuras, que o pessoal da saúde está esgotado de todas as formas possíveis e impossíveis, eis que colapsa o Hospital Amadora Sintra. Faz-me reconsciencializar o quanto estamos aflitos. Que tragédia esta se abate sobre os portugueses. Nobre povo, nação valente... Que fazemos nós agora para lutarmos em conjunto? Quão valentes somos quando só ficamos em casa quando o Governo nos impõe e ainda assim transformamos levianamente o passeio higiénico em milhentos motivos para sair de casa? Que nobre povo é este que parece não se compadecer com a morte de tantos que morrem às mãos do Covid, nem dos que morrem por outros motivos porque o Covid impede os nossos profissionais de saúde de fazerem aquilo que foi a sua decisão de vida: salvar pessoas? Sejamos nobres. Sejamos valentes. Por nós. Pelos outros. Pelos nossos. Pela nossa nação. Fiquem em casa...

25.01.21

Diário de um confinamento, a 2 dias do fim

soumaiseu

tecnologia.jpg(Imagem retirada daqui)

Continuamos em casa. A Rita continua bem e aparentemente sem sintomas. Contacto de algum serzinho "importante para a coisa" não houve, recebemos  apenas um e-mail do Director da Escola, sempre muito empenhado em dar-nos notícias do Covid na comunidade escolar, e a informar que dentro de dois dias a turma estará livre do isolamento preventivo. Contudo já entramos entretanto noutro isolamento imposto pelo Governo. E desta vez sem escola on-line, um erro quanto a mim, pois não faço parte daquelas mães que se empertigam com os trabalhos de casa dos petizes. Para mim TPC's q.b. são sempre bem vindos, e mesmo quando os professores se entusiasmam e carregam um pouco mais não vejo que venha daí grande mal. Considero que os miúdos têm de aprender a ter capacidade de trabalho, mas é só a minha opinião. Por cá a petiz agenda reuniões de Zoom para fazer com a Best Friend as fichas de trabalho que a professora de Português recomendou, lê o Alma do Manuel Alegre porque já sabe que terá de fazer um trabalho sobre esta obra, mantém-se as sessões de matemática do Brain Alive e os treinos on-line do Sporting sem trampolins e com muita imaginação da professora. O resto do tempo é passado no telemóvel, no Whatsapp, no TikTok, ou nas séries no tablet... enfim. Quando não há aulas on-line para manter os miúdos mais ocupados e a rua e os jardins não são locais a considerar para estar com os amigos, é difícil impedi-los de "viciar"...

21.01.21

Diário de um Confinamento, dia 4 a 9

soumaiseu

86.jpg

(Imagem retirada daqui)

Meteu-se o fim de semana e a coisa complica-se. Voltámos a recordar o quanto foi complicado ter aulas on-line da primeira vez que as escolas fecharam. Tempo de aulas reduzido para 50%, trabalhos de casa reforçados, estudo assíncrono e autónomo a todo o gás. Pai, preciso de ajuda com o trabalho de geografia. Mãe, ajudas-me com o francês e já fiz os trabalhos de inglês, pode vir ver se estão bem? E a roda viva retorna em torno de um eixo que parece não ser só nosso. Cá estamos. Bem de saúde, mas com o coração apertado por sabermos entretanto que um dos nossos amigos testou positivo, que a Madrinha da petiz, minha prima, também o está, e que o mais provável é que o afilhado também esteja contaminado, bem como o meu Padrinho, seu avô. Fazemos a nossa parte. Cumprimos o isolamento ao máximo. As miúdas não saem do quarto sem máscara, o marido está em tele-trabalho, nós apenas fomos às compras porque teve mesmo de ser e tudo o resto se suspende temporariamente porque não é estritamente necessário. Continuamos a aguardar o contacto do Delegado de Saúde ou qualquer outro ser iluminado. Enquanto isso o número de mortes aumenta, o número de novos casos dispara... E depois ainda há gentinha que me vem dizer que a Gripe Espanhola matou muito mais gente, e que as máscaras não servem de nada... Uma paulada bem assente naquele focinho para ver se passam a ver com mais clareza! Palhaços de me...da!

15.01.21

Diário de um Confinamento, dia 3.

soumaiseu

imagem-1.jpg

(Imagem retirada daqui)

Numa das muitas séries que devoro vi uma cena que acordou em mim aquele momento em que nos nasce um filho. Pelos olhos da personagem vi-me a mim, mulher, mãe, prenhe de laços eternos, com aquele vulto nos braços, quente, cheiroso. Senti-te o peso, não só físico, mas acima de tudo psicológico. Parte de mim, minha responsabilidade. Tão doce, tão quente, tão cheirosa, tão viva... mas tão pesada. E o pânico a tomar conta de mim, e a pergunta que me bailava no entendimento "E agora meu Deus, que fui eu fazer? Serei capaz?". Foi nos teus olhos que encontrei a paz que precisava para continuar a dar passos em falso. Nesses olhos profundos, brilhantes e já tão curiosos e cheios de vida. Eras minha e eu já era tua muito antes de o ter percebido. Elo nu e singelo num mundo de emoções que só existem entre mãe e filha. E assim me fiz mãe. Até à eternidade. Porque se um dia te perder vou contigo... 

14.01.21

Diário de um confinamento, dia 2

soumaiseu

bolha-do-discurso-plana-com-pontos-de-interrogacao(Imagem retirada daqui)

So far so good. Continuamos bem. Mas é uma dor de alma vê-las fechadas no quarto como se fossem prisioneiras. Vão-me consolando os risos abafados que saem de lá de dentro e os vídeos do Tik-tok que recebo quando a fome aperta. Hoje já houve aulas on-line, na sala porque no quarto não é possível, e com máscara para proteger os restantes membros da família. Também houve reunião de pais com a DT. Muitas questões sobre o confinamento, poucos esclarecimentos: deu para perceber que cada caso é um caso. Há quem seja contactado pelo Delegado de Saúde, outros por funcionários ou enfermeiros do Centro de Saúde, outros dizem que nem sequer foram contactados. Há que esperar para ver. Ficaram no ar locais onde se pode fazer o teste do Covid, tipo de testes, preços. Dia 2. Um dia a menos desta tortura necessária...

13.01.21

Diário de um confinamento, dia 1.

soumaiseu

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(Imagem retirada daqui)

Começou hoje o isolamento preventivo da Rita depois de um colega de turma ter testado positivo ao Covid 19. Somos sete cá em casa, entre pessoas de risco e idosos. As preocupações muitas, os receios imensos. Está como deve de ser, confinada ao quarto que partilha com a prima, a minha afilhada, que estuda Psicologia em Lisboa. Por opção própria e por questões de segurança a Sara resolveu ficar também isolada com a prima uma vez que as duas andam sempre engalfinhadas uma na outra. Suspenderam-se aulas e todas as actividades extra-curriculares. A vida delas está agora reduzida a um quarto pequeno e a idas furtivas à casa-de-banho, sempre de máscara e com muito álcool-gel à mistura. Eu, mãe, madrinha, filha, esposa, nora, preocupo-me com todos e com tudo, mas apesar do meu stress as duas levam isto na desportiva e empenham-se para que os 21 anos de uma e os 13 da outra não sejam mote para desavenças. E o Ritanhês vai surgindo sempre que a porta do quarto se abre...

- Mãe, a Sara é a minha parceira de cela...  (Para a prima) Não te escapas a fazeres Tik-tok's comigo...
- (Responde a Sara) Vai esperando vai... E ó jovem! O que é que raio é que estás a fazer no meu território? (referindo-se ao facto da Rita ter ido para a cama dela, na parte de cima do beliche)
- Então, eu daqui vejo melhor. Estou mais alta, e vejo melhor o pai... (que também optou, por uma questão de bom senso pelo teletrabalho pelo menos durante os próximos dias até sabermos qual o ponto de situação em que está efectivamente a Rita).

E entretanto aguardamos por indicações superiores, do Delegado de Saúde, do Centro médico, de alguém. Com o país a colapsar e a preparar-se para um confinamento mais agressivo, e os hospitais a rebentarem pelas costuras,  prevejo um atraso neste contacto. E rezo entretanto para que os sintomas não apareçam cá em casa...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

11.01.21

O bicho da matemática...

soumaiseu

super_imgos_neuronios_se_regeneram.jpg(Imagem retirada daqui)

Sobre a escola.  A Rita continua boa aluna. Ao entrar para o 7º ano deixou os quadros de excelência: foi um ano de up-grade social. Eu mãe exigente, não gostei nada deste novo mote da vida da minha petiz, mas a afilhada "já muito psicóloga" que vive cá em casa dizia-me em ar de aviso "Sãozinha, a vida social também é muito importante..." E pronto. Resignada e cheia de má vontade, lá fui deixando a petiz crescer.  E eis que surge no final do 1º Período a primeira negativa a matemática ("...culpa da prof que não explica, culpa dos colegas barulhentos, culpa da stora do 5º e do 6º que lhes dava as notas de mão beijada...", enfim, culpas!). Não fiquei nada satisfeita, principalmente por me ter lembrado da resposta da professora dos anos anteriores quando reclamei sobre a facilidade com que ela oferecia 4's à miúda: "Oh mãe não podemos ser mais papistas do que o Papa, a miúda tem um excelente comportamento, é assídua, faz os trabalhos de casa, tem o caderno em dia, tudo isso conta!". Pois conta, claro que conta, e as bases? Pois, pois!  Ver a petiz chorar de raiva por ter tido a sua primeira negativa já me pareceu castigo mais do que suficiente. Engoli a minha vontade de a responsar e disse-lhe antes para ter calma! "Se não te entendes com o pai a estudar matemática e não entendes a professora então vamos arranjar-te ajuda": E foi assim que descobrimos, através de uma amiga de uma amiga, o Brain Alive Learning Center. Aqui estuda-se e aprende-se matemática. Simples e somente matemática. Com técnicas de ensino diferentes e eficientes. A Rita estava há um ano atrás com negativa a matemática com testes de 53 e 38%. Este ano conquistou o seu ambicionado 4 com 74 e 88% nos testes, e já tem em mira o tão desejado 5. Deixamos de ter em casa a lamuria do "não gosto de matemática, a stora não explica nada, não percebo nada daquilo..." para passarmos a ter um "...já entendo o que ela diz mas complica muito, Jesus, para quê tantos passos? Aquela stora gosta de complicar"..., ou "...hoje não percebi puto, mas tá-se bem, o JP explica..." O JP é um dos monitores que trabalha com ela. Entre o pessoal do Brain e a minha filha gerou-se uma cumplicidade muito grande, uma confiança, um à vontade que a faz não ter medo de não perceber algo porque sabe que ali vão sempre arranjar maneira de lhe explicar as coisas até à exaustão, de variadíssimas maneiras, até que se faça luz no seu entendimento. E a matemática deixou assim de ser um bicho de sete cabeças. Se lhe perguntarmos se já gosta de matemática a resposta continua peremptória, "não", mas perdeu-lhe o receio e até já usa noções matemáticas em coisas práticas do seu dia-a dia, como por exemplo tentar achar o raio de um pirex só por diversão. Vão por mim. Brian Alive. Funciona! 

 

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