A demência do Explorador...
O Explorador continua a viver connosco. E hoje ao ver um filme onde a demência de um pai e avô origina uma série de situações caricatas lembrei-me de escrever este post. Porquê? Porque se no início eu levava tudo com um sorriso nos lábios e estava convicta que o melhor era rir da situação para não chorar, hoje nada disso me faz sentido. A demência não tem nada de cómico. É tudo menos um assunto leve. Aliás pesa demasiado na vida dos cuidadores, familiares directos que vêem o seu ente querido ir morrendo mentalmente, definhando, como um malmequer que vai perdendo as pétalas uma a uma até não restar mais nada do que apenas a lembrança da flor que um dia foi. É triste. Doloroso. Pode parecer fácil visto de fora. Tratar de uma pessoa assim é um acto de heroísmo que muitos não são capazes de assumir na sociedade actual. Mas não tem nada de heróico. Destruímos-nos com eles. Definhamos em simultâneo. Quer queiramos quer não, quer gostemos de o admitir ou não, tratar de uma pessoa demente pode levar-nos a nós, cuidadores, à loucura. É inevitável. O desgaste é diário. Aos poucos vamos entrando em modo de combustão enquanto pessoas que somos, enquanto companheiros, esposas, esposos, filhos, netos. E quando damos por isso estamos marcados com cicatrizes que nem sempre são visíveis mas que sentimos na pele como uma queimadura a ferros. E as dúvidas permanecem com elas: Que faço eu? Valerá a pena? Pois é... Questões.