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Sou Mais Eu...

Sou Mais Eu...

30.09.16

Vontade...

soumaiseu

De mandar tudo à merda. Sair porta fora e sair de vez. Não voltar. Não ficar. Não querer lutar. Sair. Ir sem rumo. Largar tudo porque começo a achar que já nada vale a pena, que ninguém me dá valor, que ninguém quer saber de mim. Por uma vez na vida ser eu também um Ser egoísta. Vontade de baixar os braços e flipar. Porque eu também tenho esse direito. E chorar. Chorar muito. Sem ter ninguém por perto para me consolar, para interromper o meu prato, o meu devaneio, o meu chelique. Vontade de desabar. Gritar. Deixar a fúria soltar-se... Partir tudo. Não sobrar caco sobre caco... e ficar assim, sozinha, só eu e eu mesma. Esgotada. Mas leve. Vazia de tudo. Tão simples. Tanta vontade...

13.09.16

Odete.

soumaiseu

Chama-se assim e é uma das minhas vizinhas aqui do prédio. É uma senhora com filhos da minha idade, que vive com o marido uma vida "solitária" uma vez que deste não recebe qualquer tipo de amor ou carinho. Não se entende com a filha mas adora o filho, vive para os netos e para o gato que dorme com ela na cama. É uma senhora que sai à rua com roupa simples e a cheirar a detergente em pó. Tem "posses" mas não ostenta o que tem porque a sua simplicidade é o seu melhor atributo. Desabafa comigo quando me encontra como se toda a vida tivéssemos sido amigas. De longe a longe, quando a vida se lhe complica muito vem cá a casa, ocupa o meu sofá, e desabafa o seu sofrimento por entre as festas que vai dando às minhas gatas, que a adoram!  E eu também gosto dela! Gosto desta Dona Odete. Podia ser minha mãe, minha tia... Gosto do seu sorriso sofrido e do modo como encolhe os seus ombros quando lhe pergunto como vão as coisas. Há quem lhe chame chata porque fala demais, mas para mim ela é só uma senhora querida, carente, que precisa de um pouco de atenção e paciência enquanto nos conta a sua história. E às vezes é só isto que precisamos: que nos oiçam. O tempo que for preciso. Sem pressas. Simplesmente isto!

13.09.16

Ritanhês!

soumaiseu

Conversa a três:

- O Papá quando era solteiro costumava ouvir este programa de radio, ligava o temporizador do despertador para 59 minutos e adormecia a ouvir isto... (referindo-se ao Oceano Pacífico da RFM)

- Isso resultava com o teu pai, comigo não porque eu desatava a cantar...

- A cantar? Mas são slows... como é que tu cantas slows?

- Porque me soam bem ao ouvido e se me soam bem ao ouvido a minha pessoa canta... não consigo ter sono quando a musica me agrada! 

A Rita interrompe:

- Slows?

- Sim - responde o pai - é música lenta...

- É música calma - acrescento eu...

E a Rita conclui:

- Ok, percebi. Slows antigamente, Kizomba agora: música para namorar e tal...

Galhofa completa! Efectivamente a Kizomba dos nossos dias está para os nossos slows de antigamente... a miúda tem razão! 

Entretanto o programa começa, e começa logo com o Justin Bieber e o seu Love Yoursel que a Rita sabe praticamente toda apesar do seu inglês rudimentar (vai atrás da fonética da língua, repete quase tudo e enrola o que não percebe)... E depois de cantarolar a música toda:

- Papá, a Mamã tem razão! Como é que tu dormias a ouvir isto? 

Tal mãe, tal filha! 

 

Entre pai e filha:

- O pá já andou 10 mil passos...

- Como é que sabes?

- Pus isto a contar (referindo-se ao telemóvel)

- E é automático?

- Não, tens de pôr tu a contar, e depois a partir daí ele conta todos os passos que tu dás...

- Ahhhhhhh! A sério? Eu quero um coisa dessas! Ó homem quanto é que isso custa?

08.09.16

Ritanhês....

soumaiseu

- Mamã, estou ansiosa para que comece a escola...

- Ai é? 

- Assim vou para a escola, vou estar a aprender coisas novas e não tenho de estar a aturar o avô "novo"... 

(A Rita refere-se aos avôs como "velho" e "novo", não pelas idades deles, mas pelo grau de antiguidade no nosso lar, o meu sogro é o "novo" hóspede cá de casa, daí a designação)

A Rita nunca teve uma proximidade muito grande com o avô paterno. Quando ela nasceu veio conhece-la e depois voltou a vê-la quando ela já tinha 7 ou 8 meses. Via-o de longe em longe, nos anos dele, da pseudo-sogra, no Ano Novo, na Páscoa. Houve uma altura em que, por insistência da pseudo-sogra que adorava a miúda, estavam mais próximos e ele até brincava com ela, mas a doença dele foi-o tornando cada vez mais distante e ausente. Hoje é um homem desligado da neta, que está habituado a estar sozinho, tem os seus hábitos, o noticiário é sagrado e gosta de comandar a televisão. Claro que choca com a miúda, claro que não tem consciência para flexibilizar e impõe silêncio quando o que ela quer é cantar e brincar... Já começam a chocar. Ou melhor, ele refila e ela acata a ordem amuada... e chora irritada com a situação. É perspicaz a minha menina. Sabe que o avô não está "bom da cabeça" e talvez por isso não lhe responde como seria de esperar que o fizesse tendo em conta o seu feitio refilão... Mas sente o espaço dela ameaçado e isso não lhe agrada nada. Venha a escola rapidamente que a miúda precisa de arejar o sótão!

 

07.09.16

Por cá...

soumaiseu

As coisas correm de forma estranha. Não é fácil. O sogro tem momentos de apatia. Passa partes da noite sentado na cama porque não tem sono. Levanta-se de noite para ir à casa-de-banho mas não a encontra e acorda a casa toda com o traulitar da sua bengala. Já de dia é capaz de estar sentado horas a fio na borda da cama sem sair de lá. Se lhe pergunto se quer vir para a sala ou cozinha ver televisão diz-me que não, que fica ali mais um bocadinho. Não quer luz porque diz que para o que está a fazer a luz que tem chega bem. Passeia-se de cueca-fralda pela casa. Vai à casa-de-banho e deixa as portas abertas. Perdeu a consciência do que faz, do que come. Não tem qualquer pudor em me pedir que o ajude a trocar de fralda-cueca. Come por impulso: enquanto houver comida e bebida (normalmente sumo de limão com adoçante porque o sogro é diabético e não gosta de água) não consegue parar de comer. Tem laivos de agressividade. Refila com a neta porque faz barulho e não o deixa ouvir o noticiário... é  agressivo para com a minha mãe porque tira os tachos da mesa sem lhe perguntar antes se ele ainda quer comer mais (quando já se tinha servido três vezes)... 

Não sei se estou a lidar bem ou mal com ele e com a situação, a verdade é que não sei bem o que fazer, nem como reagir... sinto-me em carga constante... non-stop. 

06.09.16

O cheiro...

soumaiseu

Nove meses depois ainda sinto o cheiro dele... ontem foi tão intenso como se estivesse aqui comigo, quase lhe consegui ouvir o arfar... o cheiro a pêlo de cão molhado, suado, quente, se esticasse a mão estava certa de lhe tocar... o nosso cérebro tem destas coisas. Por instantes senti-o, ali, com os seus olhos doces e ternurentos em cima de mim... Sabem do que mais sinto falta? Do seu amor incondicional... Ninguém é capaz de nos amar de uma forma tão incondicional como o nosso cão... Ninguém! 

02.09.16

Demência Isquémica...

soumaiseu

Os que por aqui passam com mais frequência sabem que sou uma pessoa crente e que acredito que tudo nesta vida acontece por uma razão, ainda assim há provações que não entendo e que me custam a aceitar. 

Neste momento tenho o meu sogro a viver connosco. Durante o período de férias teve dois episódios de desorientação e imobilização total. Passou duas noites em observação e análises, uma no Hospital de Lamego, outra já em São José (o filho teve de o ir buscar ao Norte uma vez que a desorientação estava ao rubro e a família de lá não estava a conseguir dar conta do recado). Foi incorrecto, mal educado e agressivo com todo o pessoal hospitalar ao ponto de ter sido necessário seda-lo para poderem trabalhar como deve ser. Foi-lhe diagnosticada uma demência isquémica, já em estado mais avançado do que aquilo que os médicos supunham inicialmente. Está dependente de cuidados constantes. Consegue manter um discurso diário fluente, mas trava em situações que impliquem cuidados básicos como tomar banho e alimentar-se. Está incontinente sem ter consciência disso. Recusa-se a mudar fraldas e a trocar a roupa que molha cada vez que tenta ir à casa-de-banho. Confunde espaços físicos e temporais. Acha que o café de Alhões é já ali ao fundo da rua. Chama Rita à neta mas disse ao Neurologista particular onde o levámos que o nome dela é Ana Sofia e que tem 8 anos e não nove. Não se lembra da data de nascimento do único filho que tem, nem da morada completa onde vive, está connosco em Moscavide mas diz a todos que está nos Olivais.Tem alturas em que se recusa a tomar a medicação porque considera que toma comprimidos a mais e torna-se agressivo quando diz que os cospe para o chão se lhos dermos à força. Temos consulta de Neurologia no Hospital dos Capuchos no final do mês. Até lá vamos adiantar trabalho e fazer uma ressonância magnética para confirmar ao pormenor os estragos do cérebro. 

E é isto. A minha vida não tem sido fácil e parece que isso não vai mudar tão cedo, aliás a mim até me parece que está cada vez mais "aprimorada"... Estamos numa fase de acertar os ponteiros e dividir tarefas. Ainda agora "a procissão saiu da Igreja" mas digo-vos que já me estou a passar da "marmita"... Deus me dê forças que bem preciso do seu ombro amigo! 

01.09.16

Mais algumas fotos das férias....

soumaiseu

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O famoso concerto dos GNR, em Alcafozes... Brutal! 

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As melhores farturas que já comi na minha vida: chamam-se Farturas de Lisboa e só as encontro aqui, na Feira de São Mateus, em Viseu. Acreditem em mim, nunca comeram farturas como estas! E olhem que eu não sou de todo apreciadora deste tipo de guloseima...

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Em Cinfães chamam-lhe Cigarra... 

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Poejos, em Proença-a-Velha, acabadinhos de apanhar... que cheirinho!

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Penha Garcia: um canteiro cheio de beleza à porta de uma das muitas bonitas habitações que por lá há.

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A minha fonte, Fonte de Nossa Senhora da Conceição, em Penha Garcia.

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Em Penha Garcia: Subimos ao castelo? Está calor....

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Por terras de Espanha logo ali junto à fronteira: Zarza La Mayor e a sua imponente Igreja.

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Idanha-a-Velha, Solar dos Marrocos, muita coisa há para ver aqui mas este solar tira-me o fôlego... é lindo e nunca foi concluído!

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E porque a vida do campo também tem o seu encanto, ensinei os miúdos a tirarem água do poço, na Fonte da Goma, em Proença-a-Velha.

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Idanha-a-Velha, Lagar de varas...

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