5. Um Segredo de Verão...
(Imagem retirada de:
http://lolbichos.com/wp-content/uploads/2011/12/contando-um-segredo.jpg )
O Toni gosta da Célia, mas a Célia namora com um rapaz da escola... A Carla não quer saber de namoros, e a Vitória acha-se uma solteirona porque já toma conta da sobrinha e não tem tempo para namoricos, enquanto que a irmã dela já beijou não sei quem... Eram estes os nossos segredos de Verão! Tudo guardado a sete chaves, os pais não sabiam, os avós não sonhavam! Ficávamos corados só de abordar o assunto... Um dia a minha prima, instigada pelo interrogatório diário e malicioso da minha mãe resolveu abrir a boca!
- "Então Teresinha, conta lá à Madrinha para onde é que foste hoje com a prima?
- Fomos passear para as Quelhas...
- Para as quelhas? Com quem?..."
E a Teresinha, com muito pouca inocência revelou as nossas paixonites... quem gostava de quem, quem se agarrava a quem.. quem recusava quem! E eu levei uma sova da minha mãe... por ter ido para as Quelhas que eram caminhos de pastores por entre os campos de cultivo bastante longínquos e desertos por onde não era suposto andarmos, apesar de beleza inerente, e por andar com gente que a minha mãe classificou logo ali como sendo más companhias, namoriscar não estava entre a lista de coisas que na cabeça dela os jovens poderiam fazer...
Eu achei que tinha de pôr a minha prima na linha... e assim que a apanhei de feição vinguei-me da sova e casquei-lhe! Ela foi a correr fazer queixinhas à Madrinha, e eu voltei a apanhar porque bati na menina... Então disse-lhe: "Se voltas a contar o que quer que seja, dou-te uma sova que te deixo toda negra, e se fores fazer queixinhas e eu apanhar por causa de ti, voltas a apanhar..." A minha prima lá percebeu que os nossos quase seis anos de diferença me davam alguma força e que eu não estava para brincadeiras e deixou de ser linguaruda...
O mais engraçado é que ainda hoje isto acontece: esta semana dei-lhe um puxão de orelhas valente por achar que alguém tinha de a chamar à razão. E quando comentei o facto com a minha mãe levei com um responso num tom muito zangado "Tu podias ter-lhe dito as coisas de outra maneira, não era preciso seres tão bruta, coitadinha... afinal de contas não é fácil... tu tens a mania de falar assim com as pessoas e não pode ser..."
Trinta e tal anos depois nada mudou!